29 Fev Porque é que faz sentido acreditar em contos de fadas?
Os contos de fadas, as lendas e as histórias oferecem-nos uma interpretação simbólica de dramas que nos são bem reais.
As histórias provocam emoções que permitem que determinados arquétipos emerjam do nosso inconsciente. Os contos oferecem instruções que nos guiam pelas complexidades da nossa vida.
Para quem se recusa a acreditar em contos de fadas, o motivo é só um: a interpretação literal dos motivos que compõem essas histórias. E esse é um erro com consequências muito fortes, uma vez que nos separa da oportunidade de receber a medicina que as histórias têm para nos oferecer.
Recusamo-nos a aceitar, por exemplo, que a princesa fica ali parada, adormecida, à espera que um príncipe chegue e a salve. Não queremos sequer colocar a hipótese de existir um “Felizes para sempre”. E mais recentemente existem até movimentos que desejam alterar a narrativa de contos muito mais antigos que a arte, a ciência ou a psicologia, porque apresentam cenas inaceitáveis na vida real dos dias de hoje.
Mas a linguagem dos contos de fada não é a mesma que a nossa.
A linguagem das histórias é muito mais parecida com a linguagem dos sonhos e do inconsciente. E, por isso, o que se pede é que façamos uma interpretação simbólica e não uma interpretação literal.
- O que significa simbolicamente estar a dormir?
- O que significa simbolicamente o momento em que o elemento masculino beija o elemento feminino?
- O que significa simbolicamente casar e ser feliz para sempre?
- E porque é que as histórias parecem repetir-se uma e outra vez?
Como nos diz Clarissa Pinkola Estés:
“As histórias põem a vida interior em movimento, coisa particularmente importante quando essa vida interior se sente assustada, forçada ou encurralada. As histórias oleiam guindastes e polias, provocam descargas de adrenalina, mostram-nos caminhos de saída em várias direções e, apesar das dificuldades, abrem-nos pequenas portas em paredes anteriormente compactas, portas que levam à terra dos sonhos, ao amor, à sabedoria, que nos conduzem às nossas verdadeiras vidas”
(em “Mulheres que correm com os Lobos” Pg. 33)
Fazer esta distinção clara entre linguagem literal e simbólica e depois dar às duas o mesmo destaque e importância, trouxe à minha vida muito mais cor, muito mais magia e muito mais mistério.
Só temos de nos recordar de que factos são diferentes de símbolos, mas que ambos são verdadeiros.
E ambos merecem o nosso reconhecimento e valorização.
Tudo em prol da oportunidade de passar por esta experiência que é a vida de uma forma mais profunda, fantástica e deslumbrante.
Como nos diz Verena Kast:
“O conto diz-nos sempre que existem caminhos de desenvolvimento (…) Porém, essas indicações são formuladas na linguagem do conto, e não numa linguagem clara; no entanto é exatamente isso que estimula a nossa fantasia e faz com que nos encontremos a nós nessa reflexão e que o nosso mundo interior se possa expressar.” (em “O Amor nos contos de fadas”, Pg. 9)
Eu já não saberia viver sem acreditar num profundo e simbólico “Felizes para sempre”.
Se assim o quiseres, desejo sinceramente que reencontres essa chama de encantamento e fantasia dentro de ti.
Se conheces alguém que está mesmo a precisar de trazer um pouco mais de magia para a sua vida ou que esteja a precisar, talvez, de voltar a acreditar no amor, partilha este artigo. Pode ser que esta perspectiva desperte algo dentro e devolva alguma alegria.
Como sempre, com amor,
Jo 💙
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