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Como desfrutar do Natal, mesmo com pessoas que me afetam?

Como desfrutar do Natal, mesmo com pessoas que me afetam?

Há uns anos atrás fiz uma descoberta que me ajudou muito nos meus relacionamentos humanos e que penso ser bastante útil nesta época natalícia.

Descobri que entre as pessoas com quem contacto há uma distinção muito importante:
– Há as pessoas que eu amo e de quem, ao mesmo tempo, gosto;
– Há as pessoas que eu amo, mas de quem não gosto necessariamente; e
– Há as pessoas que eu gosto, mas por quem não sinto amor profundo.

As pessoas que eu Amo e de quem, ao mesmo tempo, Gosto – podem ter “nascido” comigo ou ter aparecido ao longo da minha vida. Mas combinam o amor visceral e incontrolável, que por ter entrado no meu coração nunca mais de lá vai sair, com a magia e a benção de serem pessoas cuja companhia me é essencial, de quem não posso nem quero prescindir e com quem quero partilhar tudo o que posso de mim e desta viagem que estou a fazer neste mundo.

As pessoas que eu apenas Amo – são pessoas pelas quais tenho um sentimento visceral incontrolável de amor. É um sentimento involuntário que simplesmente nasceu e nunca mais desapareceu. Este é um amor que eu não escolhi, simplesmente aconteceu-me. É algo que sinto nas entranhas e que autonomamente faz com que me preocupe com essas pessoas, queira o melhor do mundo para elas, sofra quando elas sofrem e celebre quando elas celebram. Habitualmente não são pessoas que eu escolhi para existirem na minha vida, simplesmente foi sempre assim. Elas sempre estiveram lá e o amor foi inevitável, automático e gerado a partir de si mesmo. Mas o surpreendente é que estas são pessoas de quem eu não gosto muito. Seja em termos de personalidade, seja em termos das coisas que dizem ou fazem. A sua companhia não é prazerosa e não me faz necessariamente bem estar na sua presença com frequência.

As pessoas de quem eu Gosto – são pessoas que adoro ter na minha vida e que escolhi para fazerem parte dos meus dias. São pessoas que admiro, que aprecio, cuja companhia me é agradável e com quem nutro sempre que posso relações de profundidade, diversão, alegria, conexão e intimidade. São pessoas com quem as horas que passamos junt@s são extremamente prazerosas para amb@s. Estão cá, não porque sempre foi assim, mas porque as escolhi, porque desejo a sua companhia, porque me fazem bem e pelas quais dou o meu melhor para que sintam o mesmo. Não tenho de nutrir necessariamente um amor profundo por elas, mas são pessoas que me fazem bem, que me acrescentam, com as quais me sinto sempre maior e melhor depois de interagirmos.

E esta distinção tornou-se muito importante especialmente porque percebi, pela primeira vez, a existência das pessoas da 2ª categoria. Percebi, que é possível haver pessoas que eu amo e de quem, ao mesmo tempo, não gosto. 

É possível nutrir um amor profundo por alguém cujas características de personalidade nunca escolheria para ter junto de mim. Alguém cuja maneira de ser não me agrada e com quem não aprecio passar tempo nem partilhar a minha vida e, ao mesmo tempo, sei que faria tudo por el@.

Quando cheguei a esta conclusão comecei a libertar-me de duas coisas:
– Da culpa de não conseguir gostar dessas pessoas e aceitar que, afinal, apenas as amo;
– Da necessidade de querer que essas pessoas mudem.

Este raciocínio tem-me trazido um pouco mais do distanciamento necessário para conseguir gerir melhor as emoções difíceis que sinto quando contacto diretamente com essas pessoas. 

Esse é o motivo pelo qual penso que esta reflexão pode ser muito importante na época natalícia. 

É possível que junto a ti nestes dias estejam:
1) pessoas que tu amas, mas das quais não gostas necessariamente;
2) pessoas que tu gostas, mas por quem não sentes amor; e
3) pessoas que tu amas e de quem ao mesmo tempo gostas.

Sobre as últimas duas não tens de te preocupar muito. As coisas devem fluir facilmente. 

Mas para as pessoas que tu amas mas de quem não gostas, só tens de manter este pensamento na tua cabeça:
“Eu amo-te e, ao mesmo tempo, aceito que não gosto da pessoa que és. E está tudo bem com isso. Tu tens o direito de ser como és e eu tenho o direito de não gostar disso. E, ao mesmo tempo, tenho em mim a capacidade de conviver contigo nestes momentos excepcionais. Posso abrir mão da necessidade que sejas “isto ou aquilo” para mim durante este dia. Posso nestes dias ouvir as coisas que dizes e que não me fazem sentido e simplesmente sorrir e aceitar que é assim que pensas, que é assim que és. Não insistir em que sejas de outra maneira, fales de outra maneira, ajas de outra maneira. Não tenho de gostar. Não tenho de concordar. E por isso mesmo, não tenho de te ter por perto frequentemente. Mas por uma ou duas noites por ano, tenho em mim a capacidade de dizer: Só por hoje vou deixar que o amor seja aquilo que mais importa. Tudo o resto são feitios.”

Feliz Natal!

Para ti e para todas as tuas pessoas.

Jo 💙

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