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Conseguir definir limites

Conseguir definir limites

Vamos falar da diferença entre direito e privilégio.
Se tens dificuldade em definir limites com os outros, tema que aflige muit@s de nós, pode ser importante leres.

Direito: Enviar uma mensagem, email ou telefonar a alguém (assumindo que o seu contacto me foi facultado voluntariamente pelo próprio ou é público).
Privilégio: Ser atendido, receber uma chamada de volta ou uma resposta dessa pessoa.

Direito: Bater à porta de alguém.
Privilégio: Essa pessoa responder à porta ou/e convidar-me para entrar.

Direito: Querer ter uma determinada pessoa na minha vida.
Privilégio: Ter efetivamente essa pessoa na minha vida ou fazer parte do seu núcleo.

Direito: Querer ser cliente de alguém.
Privilégio: Ser efetivamente cliente desse profissional ou empresa.

Direito: Querer ter clientes.
Privilégio: Ter efetivamente clientes.

Direito: Querer namorar com alguém.
Privilégio: Ser efetivamente namorad@ dessa pessoa.

Direito: Desejar que outra pessoa mude o seu comportamento para eu ficar melhor.
Privilégio: Essa pessoa efetivamente mudar o seu comportamento.

Direito: Algo que eu tenho automaticamente, só porque sim.
Privilégio: Algo que tenho de provar que mereço.

Na minha maneira de ver as coisas, é muito importante perceber estas distinções e é muito importante também perceber que quando alguém nos dá um privilégio como estes aqui mencionados ou semelhantes, esse privilégio deve ser encarado assim mesmo, como uma prenda. Como um bónus. Como uma sorte que generosamente me está a ser entregue por outra pessoa e que a qualquer momento, é direito dessa pessoa, retirar-me esse privilégio. Principalmente quando eu abusei desse privilégio ou, simplesmente, porque é o que essa pessoa considera melhor para si.

Os privilégios que eu, e tu, generosamente oferecemos a outras pessoas não são direitos delas. São direitos nossos. Lê outra vez! 

E como tal, se assim o quisermos, se assim for melhor para nós, podemos e devemos fechar a torneira e deixar de dar esse privilégio seja a quem for. Sem que para isso seja necessário justificarmo-nos. 

Podemos justificar a nossa decisão, claro. Mas esse também é um privilégio que damos à outra pessoa. O privilégio de receber uma justificação da nossa parte. Não é um direito dela. É um privilégio que (na minha opinião) até fica bem, mas mesmo assim, não é um direito adquirido do outro. 

E a prova de que por vezes uma justificação é considerada um direito adquirido, é que muitas vezes quando exigimos uma justificação do outro, o que queremos na verdade é a oportunidade de debater o assunto. A oportunidade de discutir se esse privilégio nos deve ser retirado ou não pelo outro. Mas não há debate para a retirada de um privilégio. o assunto não está aberto a discussão. 

Se tens dificuldade em estabelecer limites, com os outros e contigo mesm@, reflete sobre estas distinções. Podem parecer frias, mas só se pensarmos da perspectiva da pessoa que está agora a perder um privilégio. 

É importante pensarmos da perspectiva da pessoa que é efetivamente dona desse privilégio. E é curioso que a pessoa que teve a generosidade de, num momento, oferecer um privilégio a outra pessoa e ver esse privilégio ser abusado e por isso decide proteger-se e retirar esse privilégio, é que faz papel de mau da fita. A pessoa que abusou da generosidade do outro, não. A pessoa que considerou um direito adquirido seu fazer parte da vida de outro, não. E isso não faz qualquer sentido. 

Infelizmente os limites pessoais não são uma coisa unânime e óbvia. Aquilo que tu consideras bom senso, nem sempre é o que o outro considera bom senso. E por isso, partires do pressuposto que o outro vai perceber qual é o limite, raramente dá bom resultado. A maior parte das vezes, o outro vai achar que pode mais do que pode verdadeiramente. Não esperes que o outro defina o limite que é confortável para ti. Define tu o teu limite. E, se assim o quiseres, vai abrindo esse limite de forma progressiva, garantindo que o outro prova que é merecedor desse espaço que estás cuidadosamente a abrir para ele dentro da tua bolha. 

Quando o outro abusar desse espaço, volta a fechar. Pelo menos até que o outro prove que percebeu a mensagem.
Quando o outro mostrar que é merecedor desse espaço, então passas a conhecer um privilégio que agora te está a ser oferecido a ti. O privilégio de teres uma pessoa verdadeiramente respeitadora, conscienciosa e atenta às tuas necessidades, junto a ti. Não há muitas pessoas dessas por aí. 

Por isso, aproveita e prova que também és merecedor@ dessa pessoa.
Valoriza-a.
Cuida-a.
Estima-a.

E junt@s podem finalmente, sem medos, render-se nos braços um@ d@ outr@.
Livres.
Entregues.
Sagrad@s.
Segur@s.
Pois, ambos sabem … ninguém ali vai abusar do maior privilégio e, ao mesmo tempo, do maior direito de todos …

O Privilégio de tocar a alma do outro.
E o Direito de ser visto.

Jo 💙

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