06 Mar Porque todos os homens me parecem desinteressantes?
Esta foi uma pergunta deixada por uma seguidora.
Gostava muito de começar dizendo que é ótimo sinal o facto desta pessoa ter consciência de que “os homens não são todos iguais”. Mas sim, que em vez disso, algo se está a passar dentro de si para que os percepcione desta forma.
É possível que uma parte de ti queira uma coisa e outra parte de ti queira outra coisa completamente diferente.
Esta resposta é válida para qualquer pessoa que sinta que está em autossabotagem, seja em que área de vida for.
Se for o teu caso, deixo-te algumas dicas sobre as quais podes refletir:
1º Eu não sou uma, sou várias
A maior parte de nós anda por este mundo convencida de que é apenas este “eu”. Mas não. Este “eu” que está agora a ler esta frase é apenas uma das entidades que compõem a nossa vida psíquica. Porque não somos apenas uma. Cada uma de nós é, na verdade, várias.
2º Muitas vezes essas várias não estão de acordo entre si.
Estamos convencidas de que esse “eu” é o comandante das operações. Achamos que somos nós, neste lugar central e absoluto, que mandamos exclusivamente nas nossas vidas e no nosso destino. Mas esse é também um grande equívoco. Porque para além do facto de que eu não sou só uma, mas sim várias, muitas vezes essas várias têm vontades, desejos, intenções e agendas muito diferentes
3º Ambas as partes estão certas.
Tradicionalmente o que fazemos é considerar que o que este “eu” central quer é o que está certo e que tudo o resto sou eu a sabotar-me. E não é necessariamente assim. O que acontece é que temos como que duas pessoas dentro. Uma quer uma coisa muito válida e a outra também. Neste caso, uma quer um namorado e a outra não quer estar numa relação. Mas pode ser qualquer outro tipo de situação em que não conseguimos materializar algo na nossa vida.
Não queremos ouvir a validade dos argumentos e desejos daquela entidade mais interior. Queremos calar essa entidade, ocultá-la, enterrá-la, matá-la, ganhar-lhe. Achamos que essa voz está a sabotar-nos. Mas o que vai acontecer é que quanto mais a ignoro mais ela terá de atuar pela calada e, quando eu menos espero, ocupar a consciência e tomar conta das operações frustrando as minhas melhores intenções (no caso desta pessoa, criando uma percepção negativa acerca dos homens que conhece).
Como ultrapassar isto?
1º Parar de ignorar as vontades e desejos da entidade mais interior.
Criar um diálogo aberto, lúcido e claro entre todas as partes envolvidas neste tema. Tal e qual como se fosses ter uma reunião de equipa ou uma sessão de terapia de casal. Ambas as partes têm de ter espaço e segurança para expressar os seus desejos, medos, ansiedades e angústias relativamente ao tema em questão.
2º Encontrar uma forma de garantir que todas as partes vão estar satisfeitas no processo.
O convite é de integração. Não dizer “isto ou aquilo”, mas dizer que “sim” a ambos os lados da equação.
Neste caso: Como é que posso estar realizada numa relação e AO MESMO TEMPO continuar a usufruir de tantas coisas importantes que a vida de solteira me proporciona?
A ideia é parar de sucumbir à tirania e ditadura do meu “eu” consciente e aprender a desenvolver uma relação de diálogo entre esse “eu” e todos os outros “eus” que tenho dentro para ****garantir que todos vão ter o que precisam. ****Tal e qual como se fosse uma relação com outra pessoa.
3º Agir, mas com as necessidades de todos os meus “eus” em consideração.
Ou seja, neste caso, vou regressar aos dates, ao processo de conhecer novas pessoas, mas com a garantia de que as necessidades da parte de mim que quer ficar solteira vão ser tidas em consideração e vão contribuir para a definição dos limites de uma potencial futura relação.
O resumo da minha proposta para esta questão:
Primeiro preciso tomar consciência de que existe outro “eu” com outras intenções que entram em conflito com as minhas. Depois cada um desses “eus” apresentar as suas necessidades e razões. De seguida, encontrar uma solução que integra ambas e perante a qual as duas partes se sentem preenchidas. E por fim, implementar essa solução e avaliar os resultados de como cada uma das partes se sente.
- Ambas as partes ficaram bem?
- Surgiu mais alguma questão?
- Há alguma coisa que não foi totalmente correspondida?
E assim sucessivamente. Para o resto das nossas vidas.
Porque estar aqui, significa que estamos a viver um amor para toda a vida, uma relação de longo prazo. E essa relação, aquela que tenho entre o meu “eu” e os meus outros “eus”, pode ser construtiva ou destrutiva. Tudo depende da disponibilidade deste “eu” para viver em harmonia com os outros “eus”, escutá-los, valorizá-los, dar-lhes espaço, permitir-lhes conduzir um pouco as coisas e negociar com eles.
Se, no teu caso, este conflito não se está a manifestar no tema dos relacionamentos, mas noutros, sejam eles profissionais, familiares, ou outros, basta replicares a proposta para a tua realidade e criares o mesmo plano de reconciliação de ti, contigo.
Espero ter ajudado, mas se precisares de ir mais fundo nesta ou noutras questões, envia-me uma mensagem e estaremos em contacto direto.
Com amor,
Jo 💙
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