27 Dez Querido 2024
Este ano acordei.
Acordei de um sono profundo. Uma espécie de sonambolismo espiritual, uma anestesia, uma hipnose imposta por complexos que parecem mais antigos do que eu.
Acordei não por vontade própria, confesso. Acordei porque aquilo a que me agarrava com todas as minhas energias me foi arrancado com toda a força.
Foi a dor de ser extirpada de algo, que parecia fazer parte do meu corpo, mas não fazia, que me acordou.
E quando acordei não vi a luz, como já me aconteceu noutros alvoreceres.
Quando despertei, tive a visão de estar a caminhar num cenário de pós-guerra. Durante uma alvorada observava à minha volta corpos caídos por todo o lado, fogueiras que se extinguiam depois de terem destruído casas, tradições, tesouros. Não havia vida à minha volta. Só destruição. Vi-me a caminhar ensanguentada, esgotada, sozinha, tropeçando nos destroços de uma guerra desconhecida.
Mas foi na profunda solidão que me encontrei comigo. Reparei que me tinha esquecido de que, afinal, eu existo. Percebi que não me lembrava mais do meu rosto, da minha pele, do meu sorriso. Não me recordava mais do meu humor e do meu abraço. Tinha esquecido da minha sabedoria e da minha delicadeza. E acima de tudo, tinha-me esquecido do amor profundo que nutro por mim mesma.
“Caramba, sou eu que estou lá para mim!!! Sempre!!!!”, pensei. Senti.
Sou eu que estou lá para mim nos momentos de destruição. Mas também sou eu que estou lá para mim nos momentos de conexão profunda, de amor e de êxtase.
Reconheci-me finalmente como a força vital que está sempre aqui. Como a energia sagrada que me acompanha a todo o momento. Quando há guerra, sou eu que lá estou. E quando há júbilo também.
Agradeço profundamente a 2024 por ter trazido o destruidor à minha vida. Agradeço à vida por me ter confrontado com a sombra e mergulhado na escuridão. Agradeço a mim por ter aceite esse convite.
Que em 2025 tenhamos a coragem de aceitar os chamados para a transformação e que sejamos recompensados por isso.
É o que desejo. Para mim e para ti.
Com amor,
Jo 🩵
No Comments