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A Grande Mãe

A Grande Mãe

Uma destas noites, de madrugada, entre cá e lá, imaginei-me a levantar da cama em direção ao berço da minha bebé para lhe dar colo.

Mas de seguida, como que ligada por uma onda de energia, visualizei uma outra Joana, igual a mim, levantando-se da mesma cama que eu. Mas em vez de se dirigir de imediato ao quarto da bebé parou, virou-se para trás e cuidadosamente levantou o edredon e cobriu novamente o lugar da cama de onde eu saí, como que tentando manter o calor lá dentro.

Depois vejo-me a chegar ao berço e a tomar a bebé no colo, embalando-a novamente para o seu sono seguro.

De imediato essa segunda Joana chega também ao quarto da bebé, mas em vez de lhe pegar no colo como eu fiz, cobre as minhas costas com uma manta e abraça-me por trás como que embalando-me a mim, enquanto eu embalo a bebé.

Juntas nesse balouçar, entoámos um cântico antigo que eu não conheço.

Foi uma espécie de sonho lúcido em que manifestei, por um lado, o colo de que ando a sentir falta, por outro lado, o auxílio arquetípico que me sinto a receber diariamente.

Há dias em que dói tudo. Enquanto a seguro junto ao meu peito dói costas, dói braços, dói ombros, dói cabeça, dói coração se ela estiver doente e dói o espírito de quem já ultrapassou o seu limite há muito tempo.

Há dias em que solto um grito interno, mudo. Fecho os olhos dirigindo-os para o céu e peço ao infinito que me ajude. Nesses momentos estou convencida de que não consigo mais. Mas depois, como que por magia, consigo sempre.

Há uma força que estou a descobrir. Uma força que não tinha. Uma força que nem sequer é minha. Uma força que é da minha mãe. Uma força que é das mães que vieram antes dela. Uma força que pertence à grande mãe.

Essa força tem chegado até mim, dia sim, dia não, nos momentos em que sei que já não posso mais. Ela surge e mostra-me que sou muito maior do que alguma vez tinha imaginado. E o motivo é só um. Sou maior porque afinal não estou sozinha. Tenho em mim as mães de todos os tempos e são elas que me dão o colo de que preciso para dar o meu a outra pessoa.

Ao contar isto à minha analista no outro dia, ela falou-me desta pintura de Leonardo da Vinci, chamada: A Virgem e o Menino com Santa Ana. E achei a imagem sublime.

Maria lança os seus braços para o menino e enquanto o faz, fá-lo sentada no colo de Santa Ana, sua mãe.

É isto, esta é a imagem do auxílio que me sinto a receber. A gratidão é imensa. Sinto-me como que a caminhar sobre um manto tecido pelo amor de todas as mães. É ele que me mostra qual é o caminho. É ele que me relembra que o grande colo está sempre aqui, pronto para me sustentar quando precisar.

E preciso, ahhh se preciso.
E sei bem que nesse precisar também não estou sozinha, pois não?

Com amor,
Jo 💙

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