13 Dez Se toda a gente faz assim … desconfia
Durante toda a nossa vida tentam convencer-nos de como era a maneira certa de viver e de fazer as coisas.
Tentam convencer-nos de que temos de partir de certos pressupostos para construir determinadas partes da nossa vida. Tentam convencer-nos de que certas coisas são como são e que não há nada a fazer. Apenas aceitar que é assim e tentar, às vezes às custas da nossa sanidade, encaixar nesses pressupostos pré-concebidos.
Não é ninguém em particular, mas o coletivo no geral. A família, os amigos, os namorados, a televisão, a escola, os professores, os filmes de Hollywood, o telejornal, os livros de história.
Algumas vezes, mais na primeira metade da nossa vida, fazemos exatamente como nos incentivavam. Mais tarde, se tudo correr bem, começamos a pensar antes de seguir linhas (des)orientadoras.
Em áreas de vida sobre as quais refletimos com mais frequência acaba por se tornar óbvio quando alguém chega até nós simplesmente papagueando pressupostos definitivos sobre a maneira como as coisas têm de ser. Seja na área da carreira, do propósito de vida, dos relacionamentos românticos ou da qualidade de vida, a cada dia que passa é mais nítido como NÃO … não tem de ser da maneira como nos hipnotizam para acreditar que sim.
Mas noutras áreas de vida, para nós talvez mais recentes do ponto de vista do tempo que lhes dedicamos, rapidamente começamos a perceber os mesmos padrões de discurso e, se tudo correr bem, começam também a tocar os sinais de alerta. Campainhas internas que hoje já nos avisam que, quando toda a gente nos diz ou mostra que algo tem de ser de uma certa maneira, provavelmente não é bem assim.
Se toda a gente faz de uma maneira, então isso é motivo para desconfiar.
E pode parecer que estou a ser demasiado radical. Podes estar a pensar: “Oh Joana, lá estás tu com as tuas coisas, também não exageres”.
Mas o critério é muito simples … A maneira como a maior parte das pessoas faz as coisas provavelmente não é a maneira certa para fazer as coisas (para mim), pelo simples facto de que a maioria das pessoas tem vidas muito pouco inspiradoras (para mim).
Ora se a maior parte das pessoas faz as coisas de uma determinada maneira, parte de certos pressupostos e, por isso mesmo, chega a lugares nos quais não quero viver, então é hora de afirmar para mim mesma que: Se toda a gente faz assim, então o mais provável é que a maneira certa para mim seja outra.
Mas na verdade somos educados para viver ao contrário. Somos educados a pensar que se a maior parte das pessoas faz algo de uma certa maneira, então essa deve ser a melhor maneira. Mas fazer o mesmo que a maior parte das pessoas vai levar-nos, no máximo, ao mesmo sítio onde a maior parte das pessoas está. E esse, como já referi, na grande maioria das vezes não é um lugar muito inspirador para se estar.
Por isso, a mensagem de hoje é:
Se toda a gente faz de uma maneira, então esse é motivo para desconfiar e pensar por nós. E isso não significa simplesmente ser do contra, nada disso. É ter pensamento crítico sobre as coisas e refletir seriamente sobre … que outras maneiras existem para fazer a mesma coisa?
– Que outras maneiras existem para viver uma relação de amor,
– Que outras maneiras existem para desenvolver a minha carreira profissional,
– Que outras maneiras existem para criar o estilo de vida que desejo para mim,
– Que outras maneiras existem para me relacionar com os meus filhos.
E depois então tomar decisões conscientes que até podem ser: fazer o mesmo que toda a gente faz. Mas pelo menos pensámos seriamente no assunto, em vez de simplesmente repetirmos as coisas à moda de macaquinho de imitação.
Porque não chega ouvir, ver ou perceber como toda a gente faz para decidir como vamos fazer.
É preciso olhar para a vida dessas pessoas e perceber se são exemplo de alguma coisa.
Se forem, então as suas sugestões podem eventualmente ser merecedoras de atenção e reflexão.
Se não forem, então a maneira como fazem as coisas pode apenas servir de exemplo de algo a não seguir.
Se toda a gente faz assim … desconfia e depois … pensa por ti.
(Estás a ouvir, Joana?)
Desejo-te uma semana desconfiada,
Jo 💙
Liane Lanzoni
Posted at 19:05h, 18 DezembroOlá, Joana! Como sempre, você traz um tema de muita relevância. Pensamento crítico é hoje, artigo de luxo, de rara existência. Na minha opinião, é o que falta para as pessoas sairem da alienação e deixarem de fazer mais do mesmo, porque todos fazem assim. Muito obrigada por mais essa reflexão!
Miguel Wiggers
Posted at 20:24h, 14 DezembroAdorei, publiquei parte deste lindo texto em meu instagram. Abraços
Miguel Wiggers
Cristina Piedade
Posted at 17:23h, 14 DezembroOlá Joana
Este teu artigo é muito inspirador e de facto, apesar dos meus 58 anos e de ter feito sempre o que me foram dizendo, ao longo da vida, chego a este momento e não gosto da minha vida e estou como tu.
Quem opina e muitos querem saber de tudo, olhando muitas vezes para a vida deles, são uns robots que andam por aí, com uma vida completamente sem interesse e vão-se refugiando, mesmo inconscientemente, nas distrações exteriores, tipo futebol e outras e vão deixando a vida passar, sem questionamentos e sem passarem da “sepa torta”.
Concordo plenamente contigo e também estou a aplicar essa “desconfiança” e análise na minha vida.
Grata
Beijinho
Natércia Gomes
Posted at 15:48h, 14 DezembroA mais pura das verdades!
“One size doen’t fit all”.
Inspirador.
Obrigada Joana