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Sinto-me em despedida

Sinto-me em despedida

É a frase que me tem vindo à cabeça nas últimas semanas. Sinto-me em despedida. Em despedida da pessoa que em tempos fui. Em despedida de camadas antigas e que muito me trouxeram de bonito e positivo, mas que em certa medida se tornaram desatualizadas. Em despedida de vestimentas que escolhi a dedo e que, de tantas vezes que usei, se tornaram apenas boas lembranças.

Nada disto são más notícias. Não precisas de encher a minha caixa de mensagens com recomendações de rituais, cursos, retiros ou mezinhas que em qualquer medida te ajudaram. Não preciso de ajuda. Pelo menos não agora. Posso mesmo dizer que estou a viver a fase mais fluída de sempre. Tudo está no sítio certo. O único detalhe é que há aqui umas coisinhas a mais. Umas cascas que já não são minhas. Ou pelo menos que já não são desta Joana que me sinto a gerar subtilmente.

Já alguma vez te sentiste assim, num Outono cheio de sol com sons de mar sereno e cheiro de castanhas assadas, no qual te despedes de camadas antigas? Então sabes do que estou a falar. 

“Still waters run deep”, uma frase que conheci há anos para descrever pessoas com o meu tipo psicológico. Um mar de águas calmas, mas que corre profundamente e secretamente transforma, tece, cozinha. É assim que sou habitualmente, mas, mais do que nunca, é assim que estou.

Nas profundezas e em despedida. 

E neste dizer adeus a coisas tão bonitas, lembro-me que no Outono também há frutos. Na despedida também há colheita. São frutos de casca grossa e trazem com eles um conforto muito único. Um aconchego que não há fruto de Verão que tenha igual. Um calor que vem de dentro. Uma chama que se gera a partir de si mesma. 

Por isso, neste abrir mão de cascas estaladiças, estou serena, confiante, expectante, atenta, desejosa e grata. Muito grata. A era da subtileza está aí para mim.

Que venham os frutos de Outono.
E até lá que continue a despedida.
Pois há que largar o velho para dar lugar ao … inimaginável.

Um grande abraço,

Jo 💙

8 Comments
  • SEBASTIAO D OLIVEIRA
    Posted at 20:25h, 10 Novembro

    Sebastião Oliveira
    Obrigado por compartilhar!
    Entendo esse texto como um conselho para mudanças!

  • Rosalia Monteiro
    Posted at 11:09h, 05 Novembro

    Muito, muito bonito…….

  • Ana Rosa
    Posted at 22:42h, 02 Novembro

    Gratidão pela partilha! Beijos querida!

  • HELTON LUIZ DE OLIVEIRA
    Posted at 19:54h, 02 Novembro

    Há uma delicadeza e extrema profundidade em suas palavras. Ao ler imagino o teu rosto e olhos brilharem e representando um ar de simplicidade, mas aquela que é envolvente e transformadora. Obrigado pelo texto partilhado conosco.

  • Daniella
    Posted at 17:17h, 02 Novembro

    Que reflexão inspiradora, Joana!
    Também me sinto um pouco assim, embora ainda carregue as cascas e algumas lástimas, mas sigo em frente tentando me reerguer depois de decepções.

    Que bom você compartilhar conosco sua experiência, fico feliz por você.
    🙂

  • Filipa Oliveira
    Posted at 14:07h, 02 Novembro

    Obrigada pela tua partilha generosa. Beijos, querida Joana.

  • Maria Manuela Pedrosa De Sousa
    Posted at 11:55h, 02 Novembro

    Que maravilha sentir-se assim entender e partilhar conosco.
    São palavras como as suas que nos ajudam a perceber o que por vezes sózinhas nos deixa angustiadas,desiludidas e carentes.
    A não aceitação e o não reconhecimento do nosso momento é essencial para a não desilusão de nós próprias e o continuar a viver o Novo..
    Grata pela partilha Joana 🦋

  • Daniell Parreiras
    Posted at 10:19h, 02 Novembro

    Gratidão pela partilha🙏