11 Mai Medo de desiludir os pais, mesmo em adult@
Aos poucos estou a ver revelar-se uma nova missão que considero importante, uma nova mensagem que quero deixar, como pozinhos mágicos, nos pensamentos das pessoas que dela estejam a precisar. É um tema que me fascina pelo poder que tem sobre a qualidade das nossas vidas e é das coisas mais frequentes com que me deparo no meu trabalho com os meus clientes:
A prisão em que, muitas vezes, nos encontramos perante o receio de desiludir uma qualquer figura paternal ou maternal. Prisão essa que sufoca os nossos processos de crescimento como seres humanos e a possibilidade de nos cumprirmos.
O mais óbvio é quando essa figura é representada pelos próprios pais. Homens e mulheres adultos que ainda se encontram reféns das regras, exigências e caminhos definidos pelos seus progenitores. Querem viver as suas vidas, mas não conseguem. Não conseguem porque não suportam a ideia de que os pais não aprovariam tal irreverência. Talvez não fosse um desaprovar verbal, nítido, claro, mas certamente um desaprovar silencioso, uma energia que fica no ar com cheiro de rejeição.
A ideia de os desiludir, enfrentar, contrariar é tão dolorosa que preferem definhar debaixo das suas asas. Dar um pequeno passo para encontrar a liberdade de descobrir quem são, seria um confronto, um atrevimento, um insulto.
Como diz uma analista que conheço: “Individuação implica sempre uma traição“. Uma traição da pessoa que em tempos fomos para homenagear os humanos que ocupam o papel maternal e paternal nas nossas vidas.
E então assim vivemos durante anos, que depressa se transformam em décadas, numa transfusão de sangue inconsciente em que ambos, pais e filhos, sobrevivem à base da energia vital uns dos outros. Na verdade isto não é viver. Mas ninguém sabe. E apesar de inconscientemente sonharmos com a hipótese de vivermos em liberdade, ali ficamos numa prisão perpétua. É assim que é.
Depois há os casos menos óbvios em que essa figura paternal ou maternal ditadora e sufocante é desempenhada por um sogro ou uma sogra, por um/a chefe ou mentor/a, por um marido ou uma mulher. O cenário é exatamente o mesmo.
Queremos viver a nossa vida nos nossas termos, mas como isso implica evidenciar as diferenças que temos entre nós, não conseguimos fazê-lo. Como isso implica uma nova definição de papéis, não conseguimos fazê-lo. Como isso poderá implicar remoção do amor que recebemos dali, não conseguimos fazê-lo. Como isso implica responsabilizar-nos pela nossa própria vida, não conseguimos fazê-lo.
A ideia que costumo passar é a de que precisa de haver uma nova adolescência. Talvez a primeira adolescência “bem feita” das nossas vidas. Um período em que nos permitimos rasgar com as regras que o coletivo nos impôs e descobrir os nossos próprios limites. Esse grito do Ipiranga fundamental para que nos possamos descobrir a nós próprios. Caso contrário o nosso destino será o de viver uma vida sem vida. Um deserto de pedras secas.
Para que haja crescimento interno e conquistas inspiradoras na nossa vida, esse momento tem de chegar. Não tem de ser uma ruptura. Não temos de deixar de amar e querer as pessoas que ocupam esse lugar paternal ou maternal para nós. Dizer-lhes que queremos ser a nossa própria pessoa não tem de ser uma rejeição da pessoa que eles são. É apenas um abraçar da pessoa que nós somos. E, sinceramente, é o princípio de quase tudo na vida.
Se te sentes num cenários destes, parabéns! Já tens consciência do que se está a passar. Agora tens uma grande oportunidade. Começa devagar, respeitando o teu ritmo, mas começa a fazer as escolhas que estás desesperadamente a precisar de fazer. O teu caminho não se vai trilhar sozinho. A tua verdade não se vai desvendar sozinha. E esse caminho que tens feito até agora, não é o teu. O teu, aquele que só tu podes desenhar. Esse ainda está à tua espera.
Quando te permitires a essa valentia, acredita, vais viver uma aventura fantástica.
Aquela que é suposto estares a viver.
Estou à tua espera!
Jo 💙
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