11 Mai 1º Do que se queixam os homens?
Ontem uma cliente super inteligente e espetacular perguntou-me: “Joana, pela tua experiência como coach, qual é que achas que é a queixa mais frequente dos homens em relação às mulheres, nos relacionamentos íntimos?”
Adorei a pergunta. Quando alguém se coloca questões deste género, para mim significa sempre que essa pessoa está mesmo a questionar-se e a refletir sobre o que pode fazer de diferente e está realmente a colocar-se em causa para começar a ter novos resultados
Pensei dois segundos, mas já tinha a resposta definida há muito tempo, porque o tema dos relacionamentos faz parte das minhas reflexões mais frequentes.
A queixa mais frequente dos homens relativamente às mulheres, nos relacionamentos, é que as mulheres são umas chatas. Quando se trata de um homem que tem mais pruridos, normalmente a palavra que usa é mais diplomática e diz: “Ela passa o tempo a criticar-me”.
E isto é de facto muito frequente. Tão frequente que aproveito este momento para me assumir como uma chata em reabilitação Ainda ontem contei à minha cliente que a primeira vez que fui fazer análise junguiana foi precisamente isso que disse na consulta: “Quero ser menos chata na minha relação”.
Por algum motivo, nós mulheres adotamos rapidamente uma posição de superioridade maternal em relação ao nosso companheiro e convencemo-nos de que vamos educá-lo. Vamos ensinar-lhe que a maneira de ser dele é errada e que o nosso mapa mundo é que está certo. Assumimos sempre o papel de autoridade moral seja nas decisões centrais da família, seja nas tarefas domésticas, seja na forma como se educa as crianças.
O nosso homem deixa de ser nosso par e passa a ser mais uma das coisas das quais temos de tomar conta juntamente com as crianças, os animais domésticos e as coisas lá de casa.
Mas o mais incrível é que a coisa que mais queremos (na maior parte das vezes) é que ele se chegue à frente e tome conta das situações para que não esteja tudo em cima de nós. Aquilo que mais queremos é saber que podemos contar com o nosso homem para ser a nossa rocha, a nossa âncora, a nossa força para que, quando tudo correr mal, sabermos que não estamos sozinhas e podemos contar com ele. Mas simplesmente não conseguimos largar essa posição.
Convencemo-nos que somos as donas da verdade e passamos os dias a criticar os homens, a corrigi-los, a educá-los, a ensinar-lhes como é que eles deveriam ser. Deixamos de ser pares, para passar a ser mãezinhas.
Claro que isto é uma generalização. Nem todas as relações são assim. Este é apenas um dos temas mais frequentes que eu encontro junto das pessoas que me procuram para trabalhar a área do amor.
Confesso que quando comecei a minha relação atual tive sorte porque simplesmente não dá para educar o meu gajo e, ao mesmo tempo, tive sorte porque entrei nesta relação totalmente comprometida para garantir que ia fazer tudo ao meu alcance para criar uma relação de paridade e não de superioridade. Estava farta disso!!!!
O tema central parece-me ser que nós mulheres vivemos um grande dilema. Ao mesmo tempo que queremos encontrar alguém em quem possamos contar (someone to lean on), também não queremos, obviamente, abdicar da nossa independência. Então vemos a maioria das pessoas num de dois extremos.
Ou altamente dominantes e críticas.
Ou altamente submissas e dependentes.
E o segredo passa por encontrar aquele lugar mágico em que eu não preciso de dominar, criticar, julgar, educar o outro e, ao mesmo tempo, sei definir, mencionar e ser intransigente com os meus próprios limites e com as minhas próprias necessidades.
Resumindo: Eu vou ter o que eu quero porque sou uma mulher independente e, ao mesmo tempo, vou deixar-te ser quem tu és, porque é essa pessoa que eu amo e não preciso que mudes para eu ficar bem.
Que alívio que é poder ter a minha independência, autonomia e autoridade individual e ao mesmo tempo, largar-me nos braços de alguém em que eu sei que posso confiar, que nos momentos difíceis, vai ter o músculo necessário para me segurar. Que bom que isto é
Neste momento os Senhores estão a esfregar as mãozinhas … mas amanhã há mais artigos e vou falar da queixa mais frequente das mulheres em relação aos homens nos relacionamentos. Fiquem atentos
Jo
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