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Agora toda a gente é coach

Agora toda a gente é coach

“Agora toda a gente é Coach.”
“Há mais coaches do que pessoas a precisar”
“Coach é aquela pessoa que nunca conseguiu nada na vida, mas ensina os outros a viverem a vida deles.”

Quando oiço ou leio este tipo de frases fico magoada por perceber que esta é a percepção que as pessoas têm da minha profissão. Mas, ao mesmo tempo, dei por mim a pensar: “Porque será que me sinto assim relativamente a essas crenças?”

A conclusão foi, de certa maneira, aterradora … Percebi que, em parte, concordo com elas.

Com 8 anos de carreira como coach, já vi de tudo.
Já vi pessoas a serem burladas em dezenas de milhares de euros para entrarem em empresas de coaching e receberem de volta nada ou quase nada?
Já vi folhetos publicitários que diziam: “sou o único coach em Portugal que trabalha diretamente com …” e depois tinha o nome de uma personalidade importante que já morreu há meia década ?
Já vi coaches a usarem o seu poder pessoal sobre outras pessoas mais frágeis, não para as influenciar positivamente, mas para manterem a sua posição de superioridade ?

E depois, claro, o clássico. Coaches que dizem uma coisa e fazem outra. Já vi coaches que dizem publicamente que não vão às redes sociais de manhã porque isso diminui a produtividade, a publicarem às 8h30 da manhã. Já vi coaches que dizem que nunca tiveram ciúmes, a fazerem cenas de ciúmes. Já vi coaches, nomeadamente eu, a criticarem pessoas publicamente, porque elas fizeram julgamentos, não percebendo que eles próprios estão a julgar os julgadores. Muitas vezes, vezes demais, me apanho a mim própria nestas incoerências básicas.

Por já ter visto isto tudo, há uma parte de mim que concorda com as insinuações de que a minha área é potencialmente fraudulenta e inevitavelmente incoerente.

Mas, depois de pensar um pouco, cheguei a uma conclusão.

Posso andar por aí a queixar-me de alguns dos meus colegas, do meu mercado, das crenças das pessoas, esquecendo que eu também escorrego, ou posso fazer alguma coisa para melhorar isso. Obviamente que prefiro a segunda hipótese.

Acredito que, como coach, tenho duas responsabilidades relativamente a este tema.

Por um lado, devo esforçar-me todos os dias para ser o mais coerente possível. O que eu digo, devo tentar fazer. Mesmo sabendo que é impossível ser coerente 100% das vezes, essa deve ser a minha meta. É para aí que devo olhar. Quando não consigo, devo tentar admiti-lo.

Por outro lado, devo encontrar formas de contribuir para que o meu mercado tenha muito mais qualidade. Posso fazê-lo com o meu exemplo, tentando ser a melhor profissional que consigo ser. E posso fazê-lo ativamente, como influenciadora das gerações atuais e futuras gerações de coaches que irão inevitavelmente continuar a surgir no mercado.

Não te vou mentir … durante dois anos debati-me com este tema. Senti-me revoltada e quase virei as costas a este trabalho tão bonito. Agora percebo as coisas de outra forma. Em vez de desistir, vou influenciar por dentro. Em vez de me queixar do mercado, vou fazer por melhorar o mercado.

Em vez de exigir mudanças, vou ser “a mudança que quero ver no mundo” … E, pronto, assim te deixo com mais uma frase feita 😀 mas por acaso até é verdade.

Bora influenciar este mercado juntos?
Tem uma linda semana!

Jo ?

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