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Compaixão como antídoto

Compaixão como antídoto

No mundo dos relacionamentos muitas vezes entramos em modo combativo. Estamos a jogar o jogo da defesa e do ataque. Estamos a jogar o jogo do “para eu ganhar, alguém tem de perder”.

Queremos cumprir as promessas que fizemos a nós mesmos, algures no tempo, quando estávamos no chão a apanhar os pedaços do nosso coração despedaçado. “Nunca mais ninguém me volta a fazer isto”, dizemos reconstruindo aquilo que de nós ainda pode ser salvo.

Erigimos uma armadura, uma barreira, uma muralha. E à volta desses muros altos, colocamos guardas armados e cães ferozes, prontos para reagir ao primeiro vislumbre daquilo que interpretamos ser, ao de longe, mais uma ameaça.

Esta proteção é a nossa maior aliada. É ela que nos ajuda a voltar a ter a confiança suficiente de que, aconteça o que acontecer, nós vamos sobreviver. Nós vamos saber lidar com tudo. Nós teremos força suficiente desta vez.

Mas uma relação de intimidade só é possível quando penetramos e deixamos penetrar os nossos muros. Quando pode finalmente voltar a entrar luz do dia. Quando pode novamente voltar a existir vida num espaço onde durante muito ou pouco tempo, existiu apenas deserto.

Nestes momentos, os momentos em que preciso de me abrir de novo à possibilidade de ser amada, ajuda sempre lembrar que, de frente para os meus muros, vou deparar-me com os muros do outro. É que a pessoa que está à minha frente, muito possivelmente já esteve ali, no mesmo chão que eu a apanhar os mesmos cacos que eu e fez promessas que soavam às minhas. Uma e outra vez. Como eu.

Quando dou por mim a olhar para os olhos do outro, seja pessoalmente, seja numa fotografia e a imaginar que estes olhos já choraram as mesmas lágrimas que os meus e que aquele coração que ali bate, já andou a rebolar pelo mesmo chão que o meu, a minha combatividade é inevitavelmente substituida por compaixão.

Se esta pessoa já sentiu o que eu senti … coitada! Só posso imaginar a altura desses muros com que agora me deparo quando olho para ela.

Se nestes momentos, em que a possibilidade de deixar entrar de novo alguém me lembrar de que estamos todos, de alguma forma, partidos. Se me lembrar de que, muito provavelmente, aquela pessoa tem exatamente os mesmos medos que eu. Se me lembrar que sempre que olhamos nos olhos um do outro, fazemos exatamente a mesma pergunta: “Vais ser tu o próximo a partir o meu coração?” … nesses momentos vou conseguir abrir pelo menos um alçapão empoeirado por onde o vislumbre de uma nova pergunta surja dentro de mim …

“Será que é contigo que irei criar uma nova definição de amor?”

Este é o poder da compaixão. Tira o lugar à combatividade e abre espaço para a criação de algo novo. Lembra-te disso quando achares que há lugar para alguém novo dentro de ti.

We are all the same.
We are all broken.
Tem compaixão.

E tem também uma linda semana!

Jo ?

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