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O Amor como Alquimia

O Amor como Alquimia

Quando Jung desvendou o conceito de Individuação, sabia mesmo o que estava a fazer. Não lhe chamou IndividuaLIZAção por algum motivo, porque o processo para me tornar na totalidade do meu potencial só pode acontecer em relação com o outro.

É NA relação com o outro e APESAR da relação com o outro que eu me torno eu mesmo.

NA relação com o outro porque, a partir das minhas projeções, vou descobrir o que tenho em potencial em mim para desenvolver.

E APESAR da relação com o outro, porque o movimento é o de me tornar independente do coletivo, tornar-me na minha própria supraconsciência. Total. Única. Eu.

Claro que não conheço ninguém que tenha chegado a esse ponto. Nem acredito neste conceito de forma literal, mas sim de forma simbólica. Acredito naquilo que a sua história tem para nos contar. Aquilo que a sua moral tem para nos ensinar. Como se de um conto de fadas se tratasse.

O que nos diz é que a partir do deslumbramento e da repulsa eu vou descobrir-me mais a mim. Eu vou perceber o que preciso de integrar, criar, desenvolver, perceber sobre o que tenho em potencial em mim.

Um processo alquímico, como transformar o chumbo em ouro. Ou seja transformar o subdesenvolvido em desenvolvido, o primitivo em elaborado, o rejeitado em integrado, o sapo em príncipe.

E o Amor é a porta central para aceder a esse processo. Apaixonar-me por alguém é precisamente escolher um alvo projetivo para materializar o amor que tenho em potencial dentro de mim, relativamente a mim mesmo.

Quando me apaixono por uma pessoa, escolho alguém que tem na sua consciência aspetos que são inconscientes em mim. Aspetos primitivos, reprimidos, subdesenvolvidos. Quando me apaixono por alguém estou na verdade a dizer-lhe: “Ensina-me”. E a pessoa vai ensinar-nos sem a mais pequena sombra de dúvidas. Seja pelo deslumbramento que vamos ter por ela, seja pela tensão que a sua maneira de ser (oposta à nossa) cria dentro de nós.

Por isso, adoro o Amor. É mesmo uma ferramenta valiosíssima para nos descobrirmos. Seja pelo que de maravilhosos nos traz, seja pela destruição que causa. Ambas as realidades inevitáveis do Amor servem a função mágica de te guiar no caminho de ti mesmo.

Tem um dia bonito e cheio de reflexos da tua totalidade.

Jo ?

Art by: Carlos Quevedo

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