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Quando regredir é, na verdade, progredir

Quando regredir é, na verdade, progredir

E se, por vezes, regredir for o melhor caminho?
Hoje tenho esta pergunta na cabeça.

Tudo à nossa volta está construído numa estrutura de progresso. As escolas. As carreiras. As relações. As vidas. Sempre para cima.

Se uma pessoa passou de ano letivo, é impensável voltar a repetir o mesmo ano letivo ou até o anterior.

Se aceitaste um cargo na tua empresa, não podes aceitar um novo cargo, nesta ou noutra empresa, se não for tão bom ou melhor do que o anterior.

Se começaste a viver com o homem da tua vida, não podes decidir voltar a viver cada um na sua casa. Isso só poderia significar que a relação terminou.

Se compraste um determinado carro, não podes mudar para o modelo abaixo. Se vives numa vivenda de 4 quartos, não faz sentido mudares para um apartamentozinho simpático. Se já ganhaste 7000€ por mês, alguma coisa correu muito mal para estares a ganhar só 2000€ agora.

Caso decidas simplesmente regredir, todos à tua volta vão ficar preocupados. Só pode ter acontecido alguma coisa terrível para estares a regredir. E longe de qualquer pessoa pensar que foi uma decisão tua.

Ouves perguntas como:
Mas não sabes a matéria?
Mas foste obrigado a aceitar esse cargo?
Mas já não se amam?
Mas estás a precisar de dinheiro?

Regredir é algo mesmo assustador para a maior parte das pessoas, eu incluída. Pensar que cheguei a um determinado ponto da minha vida em qualquer área que seja e que agora vou simplesmente andar para trás tem tanto de assustador como de humilhante. Sinto vergonha de pensar em algumas dessas possibilidades.

Há alguns anos atrás vi uma pessoa muito próxima a autodestruir-se por não conseguir conceber a possibilidade de ser visto como abaixo de onde já esteve. Preferiu simplesmente desistir, largar, morrer em vez de regredir. Talvez tenha sido a melhor opção para ele. Não sei. Nunca iremos saber.

Mas o nosso Ego tem destas coisas. É ele que nos oferece a benção de termos a ambição de querer conquistar coisas incríveis. É ele que nos faz sonhar para além do imaginável. Sem ele não existiria quase nada. O prédio onde estás neste momento, as roupas que tens vestidas e o dispositivo onde estás a ler este texto. Sem o Ego não existira nada disto. Mas também é ele que nos aprisiona em vidas que nos convencemos que precisamos de ter. Convence-nos de que se assim não for, não iremos sobreviver, não iremos suportar. E assim nos mantemos, na corrida da evolução constante e interminável.

Eu estou cansada dessa corrida. No último ano tenho regredido em vários aspetos. Na hora de tomar a decisão dói muito. Tenho dúvidas e medo de nunca mais conseguir voltar a estar onde estava se quiser. Tenho medo de perder capacidades. Receio que essa regressão possa significar o fim.

Mas por enquanto tenho sido surpreendida pela positiva. Aquilo que sinto depois da turbulência da decisão de regredir é apenas alívio e liberdade. Libertares-te das regras impostas por ti mesmo para a vida que “deverias” ter é uma grande conquista. Tenho percebido que regredir aqui significa progredir ali. Que ter menos disto significa ter mais daquilo. Tenho percebido que não há progresso sem retrocesso.

Por isso, pergunto:
Será que regredir, neste momento em alguma área da tua vida, poderia ser a melhor decisão para ti? Será que regredir poderia na verdade significar que estavas a progredir? Onde? Como? Com quem?

Na verdade só vais saber se experimentares. Pode correr bem. Pode correr mal. Mas no fim vais certamente poder dizer que progrediste no conhecimento de ti mesmo.

Parabéns pela tua coragem!

Jo ♥

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