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O momento em que nos tornamos o herói

O momento em que nos tornamos o herói

Acredito que todos nós temos uma história que é suposto estarmos a viver.

Se calhar não uma, mas várias.

Não estou a falar de destino porque não acredito nisso. Estou a falar que acredito que cada um de nós tem uma história em potencial dentro de si. Uma história que nos permite viver aquilo que seriam as coisas certas para vivermos.

Por exemplo, ninguém acredita que é suposto tu estares numa relação destrutiva ou num trabalho que odeias ou sem tempo para o que é realmente importante para ti. Ninguém acredita nisso.

Há coisas que são certas para ti e outras que são simplesmente erradas.

Na minha vida profissional tenho a oportunidade de presenciar a história das pessoas que trabalham comigo a realizar-se. Umas trabalham comigo há anos e eu vejo-as de perto a tomar decisões atrás de decisões que as levam até onde estão hoje. Outras pessoas trabalharam comigo numa dada altura ou só nos conhecemos ao de leve e tenho a oportunidade de presenciar a sua história a realizar-se ao de longe.

Em todas elas tenho a sorte de as observar, momento a momento a escolherem as direções que meses ou anos mais tarde se revelam nos seus resultados, na “sorte” ou no “azar” que vão vivendo.

É mesmo uma posição privilegiada aquela que ocupo como espectadora do filme das vidas das pessoas que se vão cruzando comigo. É tão interessante para mim depois de 13 anos a trabalhar com pessoas e 7 desses anos como coach, perceber de forma macro como cada pequena e imperceptível decisão tem, em pouco tempo, repercussões gigantes na vida de cada um. Trabalhar com pessoas há tanto tempo oferece-me esta oportunidade de perceber sem sombra de dúvida os pequenos momentos chave em que cada uma destas pessoas olhou de frente ou virou a cara à sua transformação.

Isto é o que acontece nos contos de fadas, nos filmes de Hollywood, ou nos mitos populares. Em todos eles há um momento em que o herói tem uma decisão a tomar, uma escolha. O momento em que tudo parece perdido, em que herói está quase a sucumbir, em que o vilão quase tomou as rédeas do reino. E é nesse momento que o herói toma uma decisão. Ele decide correr um grande risco que pode deitar tudo a perder. Ele larga as armas que trazia consigo até então e com elas as suas ideias, valores, vontades e abandona tudo isso. Desiste de tudo isso e deixa morrer a parte de si que o estava a limitar de cumprir a sua verdadeira missão.

Nesse momento o herói toma a decisão de deixar morrer uma versão antiga e usada do seu Ego para cumprir a missão do seu Self. Mas essa não é uma decisão fácil porque não há garantias. Não há mesmo. Nenhum de nós tem a certeza absoluta se está a fazer a coisa acertada a cada momento. Ao deixar morrer essa parte de si, o herói pode mesmo correr o risco de não se levantar mais. Só se ele realmente desistir de viver essa parte de si poderá nascer o verdadeiro herói que existia nele e que tem uma missão muito maior do ele próprio. Mas ele, naquele momento decisivo, não sabe isso, não há garantias, só fé. Por isso, estes momentos exigem uma grande coragem. Afinal de contas o nosso herói não é chamado de herói por acaso.

De cada vez que recebo um email desesperado de alguém que conheci anos antes numa sessão, ou uma mensagem de gratidão por um resultado obtido, dou por mim a encostar-me às costas da cadeira e a olhar para o tecto como se estivesse a observar a situação ao de longe. Semelhante ao admirar de uma pintura que deve ser vista à distância para permitir observar toda a sua magnitude e perceber a história que pretende contar como um todo.

Nesse momento, em que me encosto para trás, só há uma palavra que me surge e que reflete o sentimento que me fica: “Pois…”

Não há muito mais a dizer, a história desta pessoa já estava a cumprir-se há algum tempo e era ela que estava a desenhá-la. Resta-me torcer para que o herói dentro dela tenha a coragem de cumprir a sua verdadeira missão. E ainda, quem sabe, deixar uns posinhos mágicos como se do Merlin me tratasse e tentar ao máximo devolver a visão do futuro que estou a ter quando olho para ela.

Só tenho a agradecer pelo quanto me ensinam cada uma destas pessoas. A sua coragem emociona-me. Cumprindo ou não a história que deveriam estar a viver, cada uma destas pessoas é um exemplo de perseverança. Espero que a cada momento eu tenha dentro de mim o herói corajoso que possa homenagear todos os seus esforços criando na minha vida a história certa.

Tem uma linda noite de encantar 
Jo ♥

 

Art by: Christopher Shy

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