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O erro dos contos de fadas

O erro dos contos de fadas

Passei muito tempo a tentar deixar de acreditar em contos de fadas.

Nos primeiros anos da nossa vida são nos contadas histórias de encantar e depois a vida encarrega-se de nos ensinar que não existem tais coisas como posinhos de prelimpimpim, príncipes encantados ou fadas madrinhas.

Assim foi comigo, contigo e com todas as pessoas da nossa vida. Desilusão após desilusão precisamos de nos treinar para perceber o mundo de uma forma inteiramente diferente daquilo em que em tempos acreditámos. Precisamos de nos treinar para ficar mais céticos, mais cínicos, mais duros. “Só assim conseguirei sobreviver” pensamos quando estamos no chão, lavados em lágrimas ou com o coração partido mais uma vez. “Foi a última vez que vivi esta dor”, prometemos a nós mesmos de cada vez que nos deparamos com mais uma pétala da nossa ingenuidade caída à frente dos nossos olhos por causa de mais uma decepção.

Mas que vida seria essa que nos propomos viver quando estamos partidos? Uma vida sem sonhar? Uma vida sem desejar algo maior, mais profundo, mais belo para nós? Uma vida sem o risco de sairmos rasgados? Uma vida sem vida?

Para mim os contos de fadas têm apenas um problema que causa esta confusão toda …

O problema é que os contos de fadas terminam com um “The End.” e um ponto final de seguida.

Isso induz-nos, numa fase inicial da nossa vida, a acreditar que é possível um “felizes para sempre”. E, mais tarde, depois das feridas deixadas pela vida, a acreditar que não existe tal coisa como um conto de fadas. Saltamos de um extremo para o outro. Da total fé para a total descrença. E, na verdade, existe um ponto médio.

Para mim esse ponto médio significa que, sim, a nossa vida pode ser um conto de fadas, mas mais propriamente um conjunto de contos de fadas colados uns a seguir aos outros. É que, se reparares bem, em todos os contos de fadas existem 3 fases … a fase em que aparentemente está tudo bem, a fase em que o “reino” fica em perigo e o herói tem de seguir numa jornada e transformar-se e, finalmente, a fase em que este regressa ao reino que também se transformou com a sua jornada. Em todos os contos de fadas existem momento bons e momentos maus.

O “The End.” é momento em que deveria começar um novo conto de fadas.

É que, é bem possível, que no “final”, quando a princesa beija o monstro agora transformado em príncipe, logo a seguir aos créditos do filme, eles decidem que vão viver juntos… Depois passam 10 meses a tentar acertar agulhas e com isso enfrentar alguns desafios/jornadas para perceberem como podem ser felizes a viver uma vida a dois … Quando tudo começa a estabilizar e finalmente parece que está tudo “feliz para sempre” isso é sinal que vai começar um novo conto de fadas. Nesse momento a princesa diz ao príncipe “Temos de falar! … Estou grávida!” Depois seguem-se dois anos de uma nova jornada com altos, muito altos e baixos, muito baixos … Quando parece que finalmente começaram a dominar esta coisa de serem pais, começa um novo conto … O príncipe decide deixar o seu emprego estável e montar o seu próprio negócio … Seguem-se um conjunto de contratempos, guerras e golpes baixos até finalmente conseguirem voltar a estabilizar as suas vidas, tempo livre e finanças … Quando começam finalmente a usufruir dos frutos de todo esse trabalho começa um novo conto de fadas … Pode ser que um deles tenha de enfrentar um problema grave de saúde, ou que um dos dois comece com uma crise de meia idade, ou ainda que algum deles ganhe o vício das cirurgias plásticas 🙂 enfim, as possibilidades são tantas como as histórias das nossas vidas.

Mas o que quero dizer é que, podes acreditar em contos de fadas, eles existem mesmo.

Todos eles têm momentos bonitos e momentos feios, tal como a tua vida, a minha e a de todas as pessoas. E sinceramente acho que é tão mais rico viver assim. Acreditando que as coisas podem ser melhores quando não são e agradecendo humildemente quando as coisas estão tão perfeitas que não queremos que mude nem um posinho de prelimpimpim.

É tão mais belo viver assim … tão mais belo e, sim, tão mais monstro também 🙂

Tem uma noite encantada 🙂

Jo ♥

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