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A Simbologia do Sacrifício

A Simbologia do Sacrifício

O símbolo do sacrifício é uma das expressões mais profundas da psique humana. Um arquétipo que atravessa mitos, religiões e culturas.

Na perspectiva junguiana, o sacrifício revela a dinâmica entre o ego e o Self, o encontro entre o consciente e o inconsciente, e o potencial de transformação que emerge dessa tensão. É o portal para a ampliação da consciência, um processo de renascimento que só pode ocorrer quando enfrentamos o desconhecido e nos rendemos ao inevitável.

No entanto, curiosamente, só existe verdadeiro sacrifício quando no processo também se encontra presente … A dúvida.

Temos um maravilhoso exemplo disso no mito cristão. Durante o seu sacrifício, é relatado o momento em que Jesus Cristo questiona Deus, seu pai, sobre o porquê de o ter abandonado.

Aquele único momento de dúvida é o que torna a sua ação num verdadeira sacrifício. Se só o ocupassem certezas absolutas, então nada estaria a ser sacrificado.

É no medo, na dúvida e na possibilidade de que nenhum milagre aconteça que estamos perante um verdadeiro sacrifício. A sua dúvida é, na minha visão, aquilo que de mais humano tem todo o mito cristão.

Em todas as narrativas, o sacrifício é um símbolo da jornada psicológica rumo à totalidade. Não é apenas a renúncia ao que é supérfluo, mas uma entrega daquilo que temos de mais valioso.

É o ego que deve ser sacrificado para que o Self possa emergir. O sacrifício é um convite ao renascimento, um salto de fé no desconhecido que revela o potencial do divino dentro de nós.
Assim, o sacrifício, enquanto símbolo arquetípico, ensina-nos que o caminho para a paz, para a transformação e para a totalidade passa pela rendição.

Não devemos esperar pelas certezas absolutas pois é na aceitação do sofrimento e na coragem de nos desfazermos do antigo que encontramos a possibilidade do novo. Como nos mostram os mitos, é através da destruição que o milagre da criação pode acontecer.

Com amor,

Jo 🩵

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