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A matéria de que são feitos os sonhos

A matéria de que são feitos os sonhos

Há dias em que me apetece gritar.

Estou a lutar pelos meus sonhos.

Sonhos que quero para mim e para a minha filha.

Tanto que quase que consigo senti-los aqui, na ponta dos dedos.

Mas ainda não consigo agarrá-los.

Estou tão quase.

Mas ainda não cheguei.

Consigo vê-los, cheirá-los, senti-los.

Todos os dias me levanto e escolho acreditar que sim.

Que sou capaz.

Que estou no caminho certo.

Que a cada momento me torno na pessoa que preciso de ser para escrever uma história diferente.

Mas esse acreditar implica esforço.

Esse acreditar obriga-me a ter uma ação deliberada e consciente a cada passo.

Há dias em que me sinto como um carrinho de supermercado com as rodas empenadas. A todo o instante tenho de fazer um esforço intencional para me manter na rota certa. Porque se relaxar, se deixar as coisas simplesmente andarem por si, a tendência vai ser inclinar para a direita ou para a esquerda e ir contra uma palete de papel higiénico.

Há dias em que acreditar custa mais.

Em que precisava de ver um indício qualquer, uma prova, um prenúncio de recompensa.

Lembro-me bem, quando era atleta, daquela sensação de terminar a última curva e vislumbrar finalmente a reta da meta.

Havia qualquer coisa de alento ali.

Naquele momento em que avistava, ao de longe, o fim.

Há dias em que me apetece gritar.

Porque me faz falta esse alento.

Essa confirmação de que o futuro já existe em cada ação que manifesto hoje.

Ao mesmo tempo sei que é desta matéria de são feitos os sonhos.

São feitos de acreditar em algo que ainda não existe.

São feitos de acreditar que a vida dá uma mão.

São feitos de acreditar na capacidade que tenho para fazer a minha parte.

Que assim seja.

Com amor,

Jo 🩵

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