Menos

24 Jan Menos

O meu curso de analistas junguian@s ainda agora começou e já me está a desafiar de formas inesperadas.

Contava ser desafiada pela quantidade de trabalho.
Contava ser desafiada a fazer mudanças de paradigma relativamente a conteúdos que estudo há algum tempo.
Contava ser desafiada pela necessidade de extroversão e de regressar a um ambiente académico/institucional.

Mas o que não previa era estar a ser desafiada pelo facto de que, em psicologia analítica, o que mais precisamos de fazer é esperar.
Claro que não é um “esperar” passivo. É um esperar curioso, receptivo, atento, intuitivo. Mas no fundo, quanto menos se fizer e mais se observar o que o inconsciente está a dizer, fazer e mostrar, melhor.
É permitirmo-nos aguardar que a consciência se esgote, possibilitando que a realidade inconsciente emerja. E, nesse processo, acreditar profundamente que o inconsciente revelará os segredos que precisam posteriormente de ser desvendados, ampliados e integrados.

Neste caso, menos é, realmente, mais.
Deixar que seja o caminho a dizer qual é o caminho.
Esperar.
Observar.
Ter a humildade de aceitar que existem realidades que ultrapassam de forma absolutamente supreendente toda e qualquer hipótese que a consciência seria capaz de equacionar.
E deixar-se deslumbrar pelo inesperado.

É isto que me está a ser pedido.
Aceito mais este convite, num misto de frustração e entusiasmo.
Enquanto a minha consciência fica neste abanar de perna, verei o que o meu próprio inconsciente tem para me dizer.

Para já o que me diz é: Menos.
Jo