20 Out Começar pela Verdade
Para que se inicie um processo de transformação, há muito que sinto como fundamental começar pela afirmação da verdade.
Chegamos ao momento de finalmente começar a lutar por uma mudança nas nossas vidas, mas connosco trazemos as histórias dos motivos pelos quais ainda estamos onde estamos.
Ocorre que, por vezes, no desemaranhar desses motivos, dessas barreiras, desses obstáculos nos deparamos com o maior de todos … a falta de verdade.
A omissão dos verdadeiros motivos pelos quais ainda não nos transformámos nas pessoas que desejamos ser.
Há umas semanas ao ler o volume 4 das obras completas de Carl Jung, deparei-me com uma explicação clara do que acontece quando nos mantemos neste lugar de falta de verdade para connosco.
Jung diz-nos de forma brilhante:
“Quando um montanhista decide escalar determinado pico, pode acontecer que encontre um obstáculo insuperável como, por exemplo, uma forma rochosa abissal, impossível de transpor. Após procurar, sem êxito, outro caminho, ele volta e renuncia, com tristeza, a escalar esta montanha. Dirá: “Com os meios que tenho não posso vencer este obstáculo. Tentarei escalar outra montanha mais fácil”.
Vemos, nesta atitude, um emprego normal da energia psíquica: o Homem ao se defrontar com a impossibilidade, volta e reorienta a sua energia psíquica para a escalada de outra montanha.
Mas digamos que a parede rochosa não fosse intransponível para os meios físicos do Homem e que ele apenas, por medo, recuou diante de um empreendimento algo difícil. Neste caso há duas possibilidades:
1) o Homem lastima a sua covardia e promete ser menos medroso na próxima vez, provavelmente pensará também que, devido ao seu medo, não deveria empreender escaladas tão perigosas. Seja como for, está a admitir que não tem capacidade moral suficiente para superar as dificuldades. Ele reorienta a sua energia psíquica, que não conseguiu o objetivo original, para uma autocrítica construtiva e para traçar um plano de como realizar o seu desejo de escalar uma montanha, levando em conta as suas condições morais.
2) A segunda possibilidade é que o Homem não reconheça a sua covardia e diga sem mais que a parede rochosa é fisicamente intransponível, mesmo percebendo com clareza que o obstáculo seria superável se tivesse coragem para tanto. Prefere, no entanto, enganar-se. E assim cria-se a situação psicológica que interessa ao nosso problema.
No fundo, o Homem sabe que fisicamente é possível superar o obstáculo, apenas faltam-lhe as condições morais. Esta última afirmação ele a descarta devido ao seu carácter desagradável (…) Vangloria-se de sua coragem e prefere declarar impossíveis as coisas ao invés de declarar insuficiente sua coragem. Este procedimento coloca-o em contradição consigo mesmo (…) em desunião consigo mesmo (…) vai lutar internamente consigo mesmo (…) A energia psíquica está presa a uma guerra civil inútil, e o Homem torna-se incapaz de novos empreendimentos.”
Por isso, para nos tornarmos capazes de novos empreendimentos, precisamos de olhar para a verdade, para o que é, sem histórias, sem disfarces.
Olhar para a verdade nua e crua, mesmo que doa, mesmo que nos deparemos com uma insuficiência nossa difícil de admitir. Esse é o lugar de onde podemos finalmente começar a criar um plano construtivo para, quem sabe, superarmos essa insuficiência ou, simplesmente, aceitá-la como algo nosso e escolher outro caminho.
A verdade é a chave. Mas rodá-la depende sempre de nós.
E, tal como gosto de acreditar, a coragem é sempre recompensada.
Um abraço, de verdade,
Jo
Daniela Oliveira Baltazar
Posted at 14:07h, 20 OutubroMuito grata pela partilha cara Joana. Neste momento da minha VIDA faz-me tanto sentido. Viver a nossa verdade dói e se dói, mas quando começas o caminho já não consegues voltar atrás. O sentimento de preenchimento, de realização e de alinhamento é precioso. Neste momento encontro-me na exploração das competências que me permitem aproximar ainda mais da minha essência.
Isabel Escaleira
Posted at 12:29h, 20 OutubroPerfeito!
A maior parte das vezez que recuamos é por medo da nossa grandeza…
Isabel