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29 Set Escolhe bem a quem contas os teus sonhos
CENÁRIO 1
– Pessoa X: “Estou a pensar fazer isto …”
– Pessoa Y: “Ah não!”
– Pessoa X: “Então, porque não?”
– Pessoa Y: (nunca tinha pensado no assunto e nem tem nenhuma razão específica para ter a opinião que tem e a sua vida nem é propriamente um exemplo de nada de especial, mas como agora ficou no centro das atenções, tem de dizer qualquer coisa) “Epa, porque acho que não.”
– Pessoa X: (fica em silêncio)
– Pessoa Y: (vê-se forçado a continuar porque o silêncio é constrangedor) “Porque estás bem assim / porque quem faz isso são pessoas assim e assado / porque vais parecer não sei o quê / porque isso não tem nada a ver contigo / porque isso vai trazer-te problemas nisto e naquilo/ porque (whatever, mais ou menos tirado da cartola) …”
– Pessoa X: (diz querendo já acabar com a conversa) “Ok, mas eu gosto.”
– Pessoa Y: “Tu é que sabes.”
RESULTADO DESTA CONVERSA A CURTO PRAZO:
– Pessoa X: perde energia e fica mais inseguro do que quando começou a conversa e tem duas hipóteses:
1) ou regride nas suas intenções e coloca tudo o que falou de lado, ou
2) persiste nas suas intenções e, apesar das dificuldades e receios e independentemente dos resultados, supera-se, transforma-se e aprende.
Seja como for, é a pessoa X que tem de lidar com as consequências da sua decisão. Sejam elas as consequências de fazer o que quer, sejam elas as consequências de fazer o que Y acha melhor.
– Pessoa Y: Fica na mesma de qualquer das maneiras. Não tem de lidar com as consequências da decisão do X, seja ela qual for. Nomeadamente se X fizer o que Y disse, Y vai continuar a sua vidinha, porque X é que tem de lidar com as consequências da opinião do Y.
– Ambos/relação: Desconectam-se e afastam-se emocionalmente.
RESULTADO DESTA CONVERSA A LONGO PRAZO
– Pessoa X – tem o potencial de crescer se tiver a coragem de persistir independentemente do que Y acha, dando mais um passinho no seu processo de individuação e independência como adulto.
– Pessoa Y – fica igual ao litro e potencialmente perde a oportunidade de ser inspirado pela coragem de X.
CENÁRIO 2
– Pessoa X: “Estou a pensar fazer isto”
– Pessoa Z: “A sério?! Uau!”
– Pessoa X: “É que, se eu fizer isto, vou conseguir mais aquilo e o outro.”
– Pessoa Z: “Ok!!! Que interessante!”
– Pessoa X: “E depois disso, ainda é possível que aconteça também a, b, c e d.”
– Pessoa Z: “Que fixe! E o que é que vais fazer em relação à questão xpto?”
– Pessoa X: “Estava a pensar fazer isto e aquilo.”
– Pessoa Z: (Acena positivamente com a cabeça, levanta a sobrancelhas mostrando interesse e diz:) “Ok!!!”
– Pessoa X: “O que achas?” (pela primeira vez na conversa a pedir uma opinião)
– Pessoa Z: “Opa, sabes que eu não sou muito dessas coisas e nem percebo nada desse assunto, mas pareces tão entusiasmado, que pode ser que faça sentido. O que é que tu achas?”
– Pessoa X: “Acho que sim, é que ainda por cima, nem imaginas, mas também há isto e aquilo” (diz sorrindo)
– Pessoa Z: “Pois é! Uau! Opa, força!!! Posso ajudar?”
RESULTADO DESTA CONVERSA A CURTO PRAZO:
– Pessoa X: ganha energia e fica mais entusiasmado do que quando começou a conversa e tem duas hipóteses:
1) ou regride nas suas intenções e coloca tudo o que falou de lado, ou
2) persiste nas suas intenções e, apesar das dificuldades e receios e independentemente dos resultados, supera-se, transforma-se e aprende.
Seja como for, é ele que tem de lidar com as consequências da sua decisão.
– Pessoa Z: Fica na mesma, mas fica contente porque X está a experimentar coisas novas e a crescer. Se correr bem Z fica na mesma e ainda fica feliz pelo X. Se correr mal, Z fica na mesma e mostra o seu apoio e consideração ao X por, pelo menos, ter tentado. E como não deu opinião não solicitada, nem tentou abafar os sonhos de X com pouco fundamento, então pode dormir descansado de noite.
– Ambos/relação: Conectam-se e aumenta a confiança emocional, a relação é um lugar seguro para ambos serem quem são e se exprimirem e, por isso, crescerem.
RESULTADO DESTA CONVERSA A LONGO PRAZO:
– Pessoa X – cresce e é uma força construtiva na vida de Z pelo seu exemplo de coragem.
– Pessoa Z – cresce e é uma força construtiva na vida de X pelo seu apoio, nível de consciência e incondicionallidade.
Hoje foi Z que foi o vento debaixo das asas de X, amanhã será X a ter esse papel para Z.
Ambos constroem uma relação de amor/amizade/profissional/familiar de interdependência, profunda conexão e genuíno interesse na felicidade do outro.
Posto isto, sinto que só me resta:
– Agradecer a todas as pessoas que são Z do Cenário 2 na minha vida;
– Pedir desculpa a todos os X para quem alguma vez fui o Y do Cenário 1 e;
– Prometer (pelo menos tentar) ser melhor a cada dia porque, esteja em que papel estiver, uma coisa eu sei … quero estar, sempre que possa, a viver o Cenário 2.
E tu?
Boa semana! Bons cenários!
Jo
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