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Desenho e desejo, são coisas diferentes

Desenho e desejo, são coisas diferentes

Já perdi a conta ao número de vezes que a vida tentou ensinar-me a diferença entre desejo e desenho.

O DESEJO é aquilo que eu quero.
A minha razão original. A minha vontade primária. O meu impulso arquetípico para me cumprir numa determinada dimensão da minha vida. Posso desejar viver um amor que seja bom para mim, posso desejar ter uma família, posso desejar ser realizado a fazer algo que me apaixona.

O DESENHO é outra coisa.
É o conjunto de regras que imponho sobre a forma como vou querer viver esse desejo original. O aspeto que esse desejo deve ter. A forma como vou lá chegar. Os detalhes que posteriormente acabo por confundir com os termos finais que eram na verdade o meu desejo original. O desenho deveria auxiliar a concretização do desejo, mas por vezes confundimos um com o outro.

E esta distinção é tão importante, na minha visão, porque muitas vezes ficamos presos no desenho, no formato, no como, no enredo, na caixa criada em torno do desejo, em vez de nos focarmos na vontade primária por detrás de tudo isso. É na teimosia de ter o desenho perfeitinho que criei na minha cabeça, que me atraso ou até me impeço de ter aquilo que realmente era o meu desejo original.

Um exemplo? Já me aconteceu ficar presa no desejo de ser feliz no amor com uma pessoa X e perder-me do facto de que o que realmente desejava para mim era ser feliz no amor, ponto final. Só isso. A minha existência pede para que eu cumpra esse desejo profundo. O desejo profundo de amar e ser amada.

Mas assim andei, teimosamente, meses e anos a fio, a tentar fazer uma relação funcionar em certas condições, porque me convenci de que era assim que tinha de ser para me cumprir. Mas não era. Isso era apenas o desenho. Quando me lembrei que o meu desejo original era ser feliz no amor e não necessariamente ser feliz no amor naquele lugar, daquela maneira, naquelas condições, com aquela pessoa, comecei finalmente a libertar-me aos poucos dessas condicionantes e voltei ao desejo original que era o que realmente me impulsionava, desde o início, a cumprir-me. Eu quero amar e ser amada.

Por isso, acredito que posso ter tudo o que eu quero, só não posso ter tudo o que quero da maneira exata que desenhei. E fixar-me nesse desenho só cria atritos na engrenagem. É o eu a lutar contra o EU. As regras a imporem-se sobre os sonhos. E serve para o exemplo do amor, mas para qualquer outro desejo que tenhamos na vida.

Pode ser que queiramos ter uma família. Se assim for, esse é o nosso desejo. Então podemos e devemos ter, se assim o sonhamos.
Mas o desenho é outra coisa. O desenho é querer ter uma família, nestas condições muito específicas, desta maneira muito particular e neste timing exatamente. Isso infelizmente não se sabe se vamos conseguir ou não.

Pode ser que queiramos ser realizadas numa profissão que nos apaixona. Se assim o ambicionamos, assim o devemos e podemos criar para nós.
Mas o desenho é outra coisa. O desenho é querer ser realizado nesta profissão, nestas condições, com esta segurança, com esta estrutura, exatamente desta maneira. E isso, infelizmente, não se sabe se vamos conseguir ou não.

Seja qual for o tema, para ti que estás hoje a ler isto e que estás há tempos infinitos a tentar conquistar um desejo profundo que ainda não conseguiste, deixo-te algumas questões:
– Qual é o desejo original que criou esse desenho que tens na cabeça?
– Qual é a tua vontade primária que veio antes disso tudo?
– Qual é o impulso arquetípico primordial que quer ser cumprido através de ti?
– Qual é o teu desejo original?
– Se limpares tudo, qual é a única coisa que realmente desejas?

É uma frase pequena.
É isso que tu queres.
É isso que a tua alma deseja.
Tudo o resto é só desenho.
Tudo o resto é só teimosia.
Tudo o resto é só o “como” e o “como” pode ser apenas acessório.

Foca-te no teu desejo primário (estás a ouvir, Joana?).
Na tua vontade arquetípica.
No teu desejo original
No primeiro a chegar
No princípio primordial.

O desenho, esse, podes redefini-lo as vezes que forem precisas.
O desenho é a consequência.
O desenho é o servo.
O desenho é o meio.

Volta ao Princípio.
Volta ao desejo original.
Pois é ele que sabe aquilo em que a tua alma se quer tornar.

Jo 💙

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