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Vou ser perfeita

Vou ser perfeita

Ontem deixei-te a questão:
“Qual é que foi a decisão determinante que tomaste, algures no teu passado, e que te trouxe até este momento exato em que estás agora na tua vida?”

A minha decisão determinante foi: Eu vou ser perfeita.

O meu arquétipo é o da Mary Poppins: “Practically perfect in every way.” 

Curiosamente é uma decisão impossível de conseguir. O que, como podes calcular, acrescenta decibéis de frustração ainda maiores aqui à minha experiência de estar viva.

Sou capaz de ter tomado esta decisão tão cedo na minha vida que nem tenho capacidade para me lembrar do momento exato em que aconteceu. Só sei que me acompanha há tanto tempo que não sei distinguir onde eu termino e essa vontade incessante começa. Essa decisão definiu-me a mim, como ser humano, e define quase tudo o que faço na minha vida. Ou pelo menos quase tudo aquilo que me importa.

Essa decisão trouxe-me quase tudo o que tenho de bom. A minha carreira, as minhas relações, a minha independência, a minha filosofia de vida. Tenho um sentido de exigência altíssimo que não aceita que fique aquém em quase nada daquilo que valorizo. Isso quer dizer que sou perfeita nessas áreas? Não! Longe disso. Quer dizer que estou constantemente nessa busca. É nesse sentido que me tento mover. Algumas vezes fico perto e celebro. Muitas vezes fico longe e sofro.

Por isso, esta decisão traz-me também, quase diariamente, muito cansaço, muitas ansiedade, muita desconexão. Na tentativa de ser perfeita, perco-me de mim, deixo de saber quem sou. Na tentativa de ser perfeita esgoto-me em situações que não merecem o meu esforço e a minha dedicação. Na tentativa de ser perfeita sujeito-me a ser influenciada negativamente por intenções menos nobres.

Esta decisão, feita muito cedo, definiu quase tudo sobre mim e sobre a minha realidade. Quando estou cansada acho que é uma má decisão. Quando tenho os resultados que ambiciono e saio vitoriosa acho que é uma boa decisão.

Talvez a resposta não seja se esta é uma boa ou má decisão. Talvez a resposta seja, manter-me consciente o suficiente para saber, a cada momento, quando é boa altura para tentar ser perfeita e quando já não é. Umas vezes sim, quando vale a pena. Outras vezes não, quando já é demais.

“Practically perfect” apenas in some ways 

Boa terça feira!
Jo 

Art by: MyInspirationArt

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