21 Fev Ultimatos, chantagens e jogos de poder
Tive alguns momentos na minha vida em que alguém tentou exercer o seu poder sobre mim. Provavelmente tantos como a maior parte das pessoas.
Momentos em que alguém tenta utilizar a pequena margem de manobra que tem para dizer qualquer coisa como:
– “Não quero que faças isto”, ou
– “Só autorizo que faças isto se … (qualquer coisa)”, ou ainda
– “Se tu não fizeres isto que eu quero que tu faças, então eu faço X”
Uma espécie de ultimato, normalmente muito infantil. A questão é que muitas pessoas sofrem diariamente por considerarem (erradamente) que não têm grande poder sobre as suas vidas. Sentem-se reféns de escolhas que elas próprias fizeram e por isso vivem frustradas e amarguradas. No momento em que sentem que podem exercer algum tipo de poder, mesmo que seja sobre outra pessoa, mesmo que seja errado, elas vão agarrar essa oportunidade. Pensam: “Já que eu passo o dia a fazer o que “os outros” querem que eu faça, então tu também vais fazer”. Claro que é tudo insconsciente.
Quando surgir uma situação destas na tua vida, a minha sugestão é que não cedas. Mantém-te fiel ao que tu acreditas que está certo e faz isso, doa a quem doer. Abrir o precedente de ceder perante um ultimato, mesmo que possa parecer razoável, pode ser muito perigoso para o teu bem-estar e, obviamente, para a saúde dessa relação.
É como alimentar as birras constantes de uma criança. Não é bom para ti, não é bom para a criança.
Lembro-me de no meu 2º Mestrado ter pedido algumas equivalências a disciplinas, porque como trabalhava a full time dava-me jeito não ter de repetir aulas que já tinha frequentado na minha licenciatura e no meu primeiro mestrado. Ao contrário dos outros 2 ou 3 professores, a professora de estatística recusou-se a dar-me equivalência. O motivo: não acreditava no 19 que eu tinha tido no meu primeiro mestrado nessa disciplina. Duvidou de mim e duvidou da outra instituição que eu tinha frequentado. E fez o belo do ultimato … “Só lhe dou equivalência para não ter de vir às aulas se fizer um exame.”
Olhei para ela nos olhos e pensei: “Coitada, tu achas mesmo que eu preciso de ti para alguma coisa?” e respondi …
“Deixe estar professora, eu venho às aulas.”
Fui a todas as aulas, respirei fundo e fiz o exame final como todos os outros alunos. Tive 20 valores. A melhor nota da turma. Quando passei por ela no corredor mais tarde ela disse: “Viu a sua nota?” e eu respondi: “Vi sim, pelos vistos ainda fiquei com mais um valor do que no meu primeiro Mestrado.”
Anos mais tarde fui convidada por essa universidade para ir dar uma palestra num congresso que estavam a organizar e dar o meu testemunho como uma das alunas que estava a ter muito sucesso na sua carreira depois de ter frequentado esse mestrado. A palestra correu super bem e no final, imagina só quem vem falar comigo … a Professora de estatística ?Veio encher-me de elogios e perguntas e dizer-me que gostava muito do trabalho que eu estava a fazer.
Este é o poder de não cederes a chantagens emocionais, a ultimatos ou a jogos de poder. As pessoas ganham mais respeito por ti. E tu ganhas obviamente mais auto-confiança.
Quando alguém tentar exercer poder sobre ti, lembra-te que tu tens poder mais que suficiente para fazer as coisas por ti ou com recurso a outras estratégias que não exijam que te corrompas. Nesse momento, olha nos olhos dessa pessoa e simplesmente diz: “Não, obrigada! Eu vou fazer à minha maneira. Por mim. E acredita, vai ser muito melhor”. Quando te dás ao respeito, recebes respeito de volta. É mesmo assim que funciona.
Depois, vira costas e nunca mais olhes para trás. No final as cicatrizes vão ser tuas, só tuas. E as vitórias também ?
Bom dia! Boas vitórias! Boas cicatrizes!
Jo ?
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