11 Mai In vírus, veritas
Desde que me lembro de ser gente que tenho uma convicção muito forte de que o sofrimento tem de ter algum propósito significativo.
Tem de ter.
Lembro-me de pensar frequentemente: “Bolas! Se a dor não tiver como propósito ensinar-nos alguma coisa, fazer-nos ver alguma coisa que não estavamos a ver, ou transformar algo na nossa vida, então não serve para nada. Se as provações pelas quais passamos tiverem apenas a função de nos fazer sofrer, então entrego já a chave disto tudo e não jogo mais este jogo da vida.”
Por isso, acredito que a dor, o sofrimento, a inquietação, o mau-estar, venham eles em que formato vierem (até no formato de microorganismo), têm a função importantíssima de tornar impossível que ignoremos as jornadas que temos de fazer.
Estes dias, algures no meio da minha vontade de ajudar o mundo neste momento difícil, perdi o meu centro. E quando me perdi do meu centro encontrei a inquietação. Aliás, encontrei várias inquietações. Inquietações que me dizem o que tem de mudar na minha vida. Inquietações que me dizem para onde tenho de olhar de uma vez por todas. Inquietações que me recordam do que é realmente importante. Inquietações que evocam a verdade sobre o que é, sobre o que precisa de vir a ser e sobre o que tem de ser deixado para trás.
A maior parte das pessoas que me procuram, chegam até mim acompanhados das suas inquietações e pedem ajuda para se livrarem delas. De uma ou de outra forma partilho com eles que a forma de se livrarem das suas inquietações é olharem para elas com olhos de ver e tomarem consciência da verdade que elas trazem consigo.
Às vezes basta essa consciência para que a inquietação dê lugar ao alívio. Às vezes precisam de agir de alguma maneira.
Mas o alívio chega sempre quando temos a coragem de olhar para onde dói e de nos questionarmos: Qual é a verdade que tenho aqui para descobrir?
Eu não sei como é que estás a viver este momento pelo qual estamos todos a passar. Mas se durante a quarentena a única visita que chegou foi a inquietação, então presta atenção.
Existe verdade nesse desconforto. E o teu papel é descobrir qual é.
In vírus veritas.
Jo
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