11 Mai Heróis e vilões
Uma das coisas mais mágicas para observar nas grandes histórias é a importância da existência dos opostos para que a narrativa aconteça.
O herói só tem a oportunidade de se heróico, porque existe um vilão que anda a espalhar o terror por todo o lado.
Ora, o conceito é semelhante para as nossas vidas, mas a particularidade da vida real é que ambos, herói e vilão, habitam a mesma pessoa. Tu.
Dentro de mim, de ti e de qualquer um de nós, existem estas duas energias. A energia do vilão, do pecado, da maldade, do terror, da sombra. E a energia do herói, do guerreiro, do bem, do amor, da luz.
E o mágico é perceber que, apenas pela existência do vilão interior é que acabamos por dar à luz o nosso herói.
Pode ser que tenhas uma crença sombria que te aterroriza dizendo que nunca vais ser boa o suficiente. Esse é o teu vilão interno. Mas é graças a ele que te vais desdobrar em 7 para dares o teu melhor em cada situação. É por acreditares que nunca vais ser boa o suficiente que tens a oportunidade de te tornar a melhor de todas.
Pode ser que tenhas cometido um erro com alguém, algures na tua vida. O erro pode nem ter sido teu na realidade, mas essa pessoa, também ela partida pelos seus vilões, fez-te sentir culpada sem razão nenhuma e passou para ti esse vírus da culpa crónica. Esse é o teu vilão interior. Mas é graças a essa culpa herdada, essa culpa sem sentido, que vais passar a vida a tentar compensar o mundo. Vais dar ao mundo o melhor que tens para dar, criando um verdadeiro herói, apenas porque o teu vilão interno da culpa não te deixa dormir descansada se assim não for.
Pode ser que tenhas uma parte de ti que é ingénua demais e te diz que podes confiar quando não podes, que te podes entregar quando não podes, que deves aceitar quando não deves. Esse é o teu vilão interior. No teu caso vem na pele de ovelha do inocente, mas a verdade é que está a minar a tua vida toda. Mas é graças a esse vilão que tu não deixas de acreditar que ainda é possível. Quando muitos se entregam à perda de sentido e se tornam duros e amargurados. Tu não, tu darás asas ao teu herói interior, ao inocente mais maduro e esperto, ao inocente que já sabe da dureza da vida, e que te diz que, apesar de tudo, ainda vale a pena acreditares novamente em ti mesma, no amor e na vida.
Quando me perguntam se eu gostaria de eliminar algum dos meus defeitos, algum dos meus vilões internos, a tentação para dizer que sim é enorme. Mas acabo sempre por hesitar e dizer não. Sei lá, o que aconteceria aos meus heróis se simplesmente retirasse da história um dos seus nemesis. Provavelmente ia encostar-se à sombra da bananeira e reformar-se antecipadamente
Compreender que não seríamos nada do que somos, se as várias partes que nos habitam não coexistissem desta mesma forma, neste equilíbrio perfeito, é um dos principais passos no sentido da auto-aceitação.
Não é só saber que para ter a minha luz tenho de ter a minha escuridão. Mas mais importante que tudo, saber que é por causa da minha escuridão que a minha luz tem a oportunidade de existir em todo o seu potencial.
Tu, eu e cada um de nós só pode ser aquilo que traz alegria ao mundo se for, ao mesmo tempo, aquilo que o aterroriza. Ao mesmo tempo.
Ter consciência disto é um passo mágico. Manter a tensão entre estes dois lados é um trabalho para toda a vida.
E tu, qual é o nome do teu vilão que não poderias largar por nada? Qual é o teu herói que nasce dessas cinzas? Vou já deixar um dos meus nos comentários.
Desejo-te uma linda semanas cheia de aventuras fantásticas de opostos integrados
Jo
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