11 Mai Padrões em tempos de pandemia
Estar a viver este momento da história da humanidade e poder, ao mesmo tempo, trabalhar diretamente com dezenas de pessoas, está a dar-me uma percepção muito especial de como o ser humano funciona.
Numa situação extrema como esta, em que estamos todos a viver condições muito semelhantes, cada pessoa com quem contacto está a ter uma experiência emocional e espiritual totalmente diferente.
Cada pessoa está, neste cenário extremo, a ver emergir um ou outro demónio que em condições normais conseguia gerir com mais ou menos facilidade. Tempos de crise são terreno fértil para as nossas sombras saírem dos alçapões onde habitualmente as colocamos.
O que estou a perceber nesta altura é que as dificuldades que sentimos são reflexo dos desequilíbrios que vivemos. As pequenas obsessões que estamos a desenvolver fechados em casa são sintomas de aspetos nossos que estavam negligenciados. Os padrões emocionais em que entramos são fotocópias a cores dos padrões que, na vida real, lutamos diariamente para não ceder.
Pode ser que desde que toda esta situação começou o teu padrão emocional da culpa ainda não te tenha largado.
Podes estar obcecado que deverias estar a ajudar mais, que deverias estar mais perto dos teus ou que deverias ter-te preparado melhor para esta ou qualquer outra eventualidade.
Pode ser que desde que toda esta situação começou tenhas descontrolado um hábito que lutaste anos para conseguir superar.
Podes estar a comer demais, a preguiçar demais, a treinar demais, a trabalhar demais, a fumar demais, a beber demais, a refilar demais.
Pode ser que estejas a lidar mal com o aspeto inesperado e imprevisível disto tudo e com o facto de que não podes controlar quase nada.
No meu caso, voltei a encher o barco demasiado com a sede de contribuir e ajudar e, mais uma vez, dei por mim desequilibrada por excesso de trabalho. O meu pequeno dragão que me diz que o meu valor está diretamente relacionado com a minha produtividade (e que estava tão bem gerido desde o início de 2020), decidiu emergir da toca a cuspir fogo e eu nem reparei. Quando dei por mim a minha energia vital tinha-se evaporado e eu já estava a arrastar-me.
Por isso, deixo-te estas questões para refletires:
Se estamos todos no mesmo barco, porque é que o estamos a experienciar de formas tão diferentes uns dos outros?
Porque será que é este o padrão que surge a determinada pessoa e não outro qualquer?
E mais importante que tudo, porque é que me surge a mim este padrão específico e não outro qualquer?
A minha teoria é que toda esta situação está a trazer ao de cima aspetos nossos que estavam a precisar de atenção mas nunca receberam. Seja porque motivo for, não olhámos para estar partes de nós e elas agora estão a aproveitar esta janela de oportunidade para se manifestarem.
O dragão que surgir neste momento, é o dragão ao qual estás a precisar de dar espaço. E isso, é uma ótima notícia. Este momento serve de radiografia para o que precisa de ser olhado, cuidado, pensado.
Por isso, agora que já te contei o meu, gostava de saber de ti.
Qual é que tem sido o dragão/padrão que tem surgido ao longo destes dias?
O que é que ele te está a ensinar?
O que é que vais fazer com isso quando regressarmos à vida real? O que é que vai mudar?
Conta-me tudo! No mínimo porque assim sempre ajuda a passar o tempo
Jo
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