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O inocente e o órfão

O inocente e o órfão

O órfão: Nada vale a pena.
O inocente: Claro que vale 🙂 imagina só como poderia ser …

O órfão: O mundo é um lugar perigoso.
O inocente: Mas há montes de gente boa por aí.

O órfão: A vida é dura.
O inocente: Sim, mas havemos de encontrar alguém que nos ajude.

O órfão: Tu não percebes nada disto. Estás a pôr-te a jeito novamente.
O inocente: A jeito para quê? Não sei do que estás a falar.

O órfão: A jeito para te estatelares ao comprido novamente. A jeito para te magoares, para te desiludires, para caires.
O inocente: Porque é que dizes isso?

O órfão: Porque eu sou tu.
O inocente: És eu?

O órfão: Sim, eu sou o inocente traído, abandonado, magoado, desapontado. Eu sou tu, depois da queda.
O inocente: Ah, ok. Estou a perceber. Mas estás aqui.

O órfão: Estou aqui como?
O inocente: Tu és o inocente caído, mas estás aqui. Sobreviveste.

O órfão: Sim, é verdade. Sobrevivi, mas paguei um preço muito alto por ter acreditado.
O inocente: E que preço foi esse?

O órfão: O preço de saber que se não formos nós, cada um de nós a mudar o seu mundo, mais ninguém o vai fazer.
O inocente: A sério?

O órfão: Sim.
O inocente: Achei isso lindo. Um pouco triste, é verdade. Mas ao mesmo tempo … bonito.

O órfão: Sim, tens razão. Há uma beleza qualquer aqui. Há algo de belo nestas cicatrizes.
O inocente: Agora fiquei com medo. Será que vai doer?

O órfão: Sim, vai doer. Mas tu também vais sobreviver.
O inocente: Como é que sabes?
O órfão: Sei porque eu sou tu. E vou estar sempre aqui para ti.

O inocente: Obrigada por me ensinares tanto, por me acautelares, avisares, protegeres. É por tua causa que não somos tão ingénuos.
O órfão: Obrigada por me ensinares tanto também. Por me relembrares de que vale a pena voltar a acreditar. É por tua causa que começamos sempre cada nova aventura.

O inocente: Vamos sobreviver.
O órfão: Vamos sobreviver.

Jo 

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