31 Jan Lutar ou deixar fluir?
Deixei de conseguir atingir objetivos à bruta.
Pelo menos durante um tempo.
Já te disse algumas vezes que sou uma fazedora, a entrar em ação é que eu estou bem. Muitas vezes em terapia acontece uma situação engraçada. A minha terapeuta começa a explicar-me teoricamente algo que se está a passar comigo e realmente simplifica muito aquilo que estou a sentir ou a viver. Depois de a ouvir, automaticamente digo:
– “Ahhhh, isso faz imenso sentido! E agora o que é que eu faço?” LOL
O QUE É QUE EU FAÇO?
Muitas vezes damos por nós a rir da minha pergunta insistente e ela ocasionalmente responde-me que nem sempre é suposto fazermos alguma coisa. Claro que isso para mim é sempre uma péssima notícia, porque muitas vezes é a fazer algo que eu me organizo. Ou no mínimo a definir o plano de ação em vista.
Mas houve uma fase, associada ao meu extremo cansaço, que rebentei. Quando era atleta e um dos nossos colegas fazia uma corrida e perto do final perdia as forças e era forçado a abrandar, nós dizíamos que ele tinha dado o “Grande Berro”. Eu dei o Gigante Berro. Quase queimei o fusível profissional.
Há 2 anos e meio, na fase em que estava no pico do cansaço fui cliente em mais um processo de coaching, tal como faço praticamente todos os anos desde que me tornei Coach. Estar no papel de cliente num processo de coaching é algo fundamental para seres um bom profissional nesta área. Nesse processo decidi abordar o objetivo como sempre tinha feito. Com a atitude: “Ou vai, ou racha”. Se é para atingir, ou vai a bem, ou vai a mal, mas vai. Foi uma tortura para mim.
Pela primeira vez na vida sentia uma inércia gigante, um sacrifício avassalador para concretizar algo que desejava e que era realmente importante para mim. Foi terrível. Odiei cada segundo. Mas depois de muita raiva e algumas lágrimas consegui concretizá-lo.
Mas ao longo do processo fui tendo o pensamento insistente: “Isto já não é para mim! Esta não pode ser a única forma de se conseguir algo. Eu não quero mais objetivos atingidos à porrada. Para mim acabou!”
E acabou mesmo. Desde esse dia, há dois anos e meio, não voltei a concretizar nada que implicasse esse nível de exigência. E o mais incrível é que tenho descoberto coisas maravilhosas.
Tenho descoberto objetivos e sonhos que antes nunca tinha equacionado porque não me dava esse espaço. Como viajar o mundo por exemplo.
Tenho descoberto que existe toda uma outra energia para concretizar objetivos que é mais suave, mais harmoniosa e que também funciona. Com resultados e objetivos específicos, mas funciona.
Tenho descoberto a humildade de perceber que nem todos gostamos ou queremos fazer o mesmo tipo de percurso para chegar aos mesmos sítios. Ou ainda, que a mesma pessoa pode ter fases mais agressivas e fases mais serenas e mesmo assim criar coisas fantásticas na sua vida.
Finalmente, tenho descoberto que ambas as formas são úteis e que devemos desenvolver a capacidade de ter as duas para que ambas estejam ao nosso dispor no momento certo.
Eu precisei de desenvolver a capacidade de atingir objetivos de forma mais suave, lenta, ponderada. Outras pessoas precisam de desenvolver a capacidade de atingir objetivos de forma mais assertiva, determinada e decidida.
Acredito que em breve terei novamente a capacidade de me dedicar a um objectivo com a energia da guerreira destemida. Vou adorar ser essa Joana outra vez. Ela é realmente fantástica. Por agora estou a aprender a ser a Joana maga, feiticeira e donzela. Sem ela, nunca conseguiria considerar tantas coisas como estou a fazer.
E tu? Qual é a tua capacidade mais natural? A de Guerreiro/a (agressivo/a, forte, destemido/a) ou a de Feiticeiro/a (calmo/a, cauteloso/a, estratega)?
Bom dia! Bom semana!
Jo ?
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