20 Dez Entrevista para o The Miracle Coach com Pedro Vieira
A Joana Areias é uma coach particularmente inspiradora, que tem desenvolvido um importante trabalho em áreas muito específicas do coaching, como o propósito de vida. Tem uma ótima capacidade de usar as suas próprias vivências para inspirar as suas audiências, usando uma linguagem muito pessoal que apreciamos particularmente aqui na equipa do The Miracle Coach. Podes seguir o trabalho da Joana através do seu site ou do facebook. Se quiseres, podes até enviar-lhe um email!
Aproveita também para ler o seu livro, recentemente publicado “Tu Consegues”!
TMC: Joana, especializaste-te em abordar a questão do propósito de vida. Afinal de contas, como é que se ajuda alguém a descobrir o seu propósito?
Joana: Nos últimos anos tenho vindo a desenvolver toda uma metodologia de trabalho, que partilho no meu livro “Tu consegues” e que tem o objetivo de ajudar as pessoas que acreditam que a sua atividade profissional já não as realiza e que querem descobrir a sua verdadeira paixão e fazer a transição para essa nova atividade de forma segura sem comprometerem a sua estabilidade financeira. No entanto, para resumir, acredito que o meu trabalho assenta principalmente em duas componentes filosóficas fundamentais.
A primeira componente existe como representação da possibilidade de serem aquilo que querem ser. Muitas pessoas quando me procuram não acreditam que estão “autorizadas” a fazer escolhas alinhadas com a sua verdade e com aquilo que realmente as faria felizes. Chegam carregando às costas um conjunto de crenças sobre aquilo que está certo ou errado e que muitas vezes as limita nas suas escolhas e decisões. Acredito que o meu trabalho fundamental, nesta fase inicial, é o de lhes dizer que “Sim”, que podem ser o que quiserem, que não há nada de errado nisso, que não têm de continuar a pagar uma dívida qualquer por um crime qualquer que nunca cometeram, que podem e devem procurar o que os faz felizes, independentemente das espectativas do mundo que os rodeia e até das suas próprias espectativas. A primeira componente fundamental no meu trabalho é, por isso, validar os seus sonhos, dizer-lhes que sim, que estão certos. Muitas vezes a nossa sessão é o único lugar onde podem, pela primeira vez, sonhar sem serem criticados ou julgados, por outras pessoas e por si próprios.
A segunda componente serve para lhes lembrar de que as respostas que ansiosamente procuram já existem algures dentro de si e que precisamos apenas de as encontrar. O percurso para descobrirem o seu propósito de vida é por isso um caminho interior de recuperação daquilo que são no seu íntimo, antes de se terem esquecido, por causa solicitações da vida real. Esta parte do meu trabalho é fundamental, mas por vezes difícil de explicar porque nesta fase sirvo de facilitadora do processo de reconexão com a verdade interior de cada cliente. Uma verdade que apenas lhes diz respeito a eles, uma verdade para a qual mais ninguém é chamado. Aquilo que explico aos meus clientes é que o seu inconsciente sabe tudo, nomeadamente qual é o seu propósito de vida. No entanto, com o ruído das tarefas do dia-a-dia e das necessidades da vida prática acabamos por nos perder de nós próprios de deixamos de saber o que está certo para nós. Nesta fase proponho vários exercícios, reflexões, jogos e faço algumas provocações tudo com o intuito de ajudar as pessoas que me procuram a saberem o que realmente gostavam de fazer e que ao longo da sua vida nunca perceberam, esqueceram ou apenas ignoraram.
TMC: Nos cursos que realizas direcionados para coaches, quais são as principais competências que procuras desenvolver nos participantes?
Joana: O curso “Coaches Com Clientes” foi criado com o meu colega e amigo José Maria Fonseca e atualmente chama-se “O meu propósito na prática”. Inicialmente percebemos que muitos dos nossos colegas coaches estavam a viver o desafio de conseguirem viver a vida com o coaching. Criámos este curso para ajudar os nossos colegas e foi um sucesso! Tanto que atualmente, alargámos o curso para pessoas de todas as áreas e profissões e por isso alterámos o nome do curso para “O meu propósito na prática”. Neste curso, temos como objetivo fundamental ajudar as pessoas que já sabem qual é o seu propósito de vida a conseguirem viver dessa atividade de uma vez por todas. Quando decidimos criar o curso, percebemos que os profissionais vivem dois tipos de desafios: ou têm dificuldade em trazer pessoas para a reunião inicial, ou têm dificuldade em converter as pessoas que vêm à reunião inicial em novos clientes (ou ambos).
Para isso, criámos um sistema que ajuda estes profissionais a criarem a sua identidade única para que não sintam que são apenas “mais um” e se consigam distinguir dos outros colegas da mesma área. Depois ensinamos a criar toda a comunicação para se dirigirem ao seu público de forma eficaz. Criamos toda a estrutura de comunicação online, desde site, emails automáticos, copywriting, ofertas, serviços e produtos, para que consigam despertar a atenção do seu público. E, finalmente, ensinamos os nossos alunos a conduzir a reunião inicial e palestras com o intuito de ajudar os potenciais interessados a comprometerem-se com os seus serviços e, consequentemente, mudarem as suas vidas.
TMC: Muitos coaches têm dificuldade em abraçar a profissão com êxito financeiro. Porque achas que isso acontece? É caso para dizer que nem sempre o coach se consegue ajudar a si próprio?
Joana: É verdade, infelizmente. A primeira coisa que diria sobre isso é que toda a gente precisa de um Coach, até um Coach precisa de um Coach. Causa-me alguma tristeza conversar com coaches que nunca fizeram um único processo de coaching, ou que fizeram “um processo no início, quando fiz o curso” como costumam dizer. Para mim um coach deve ser um exemplo e quando digo isto, não estou a afirmar que um coach não pode ter problemas, dificuldades, “cascas de banana”, nada disso. O que quero dizer é que um coach deve ser um exemplo de evolução e desenvolvimento pessoal. Deve estar empenhado a conhecer essas suas dificuldades e “cascas de banana” e compreender que é nesse processo que se irá tornar um melhor ser humano e cada vez mais preparado para ajudar outras pessoas. Eu própria, todos os anos faço um processo de coaching com algum colega, já fiz vários processos de supervisão com coaches mais experientes e psicólogos, e há anos que faço psicoterapia. Em qualquer percurso como coach, chega um momento em que não é mais um livro de técnicas de coaching que me vai ajudar a ser melhor coach, mas sim a minha evolução de nível de consciência. Por isso, acho que a primeira coisa que impede alguns coaches de conseguirem abraçar a carreira com êxito é precisamente não continuarem a evoluir como profissionais e como pessoas. Pararem de estudar, de se questionar, de procurar ajuda profissional e acharem que já sabem tudo. Felizmente não é uma maioria.
Por outro lado, acho que a palavra-chave é consistência. Como diz o Anthony Robbins, “as pessoas são recompensadas em público por aquilo que fazem durante anos em privado”. Viver a vida como Coach não é tarefa fácil, é muito, muito bom, mas não é fácil. É preciso trabalhar muito, muito tempo e de forma consistente. Todos os dias fazer mais uma coisa, ir mais longe, dar mais um curso, respirar fundo e ir outra vez à luta. Lembro-me de numa sessão de supervisão, a minha mentora me perguntar se eu estava bem depois de lhe contar ansiosamente todas as coisas que tinha feito nas semanas anteriores. Comecei a chorar de ansiedade e disse-lhe “Isto tem de acontecer, percebes? Isto tem de acontecer”. Estava cheia de vontade de viver a minha vida com o coaching, sabia que dependia de mim, estava a criar a minha carreira ao mesmo tempo que tinha 3 trabalhos de fisioterapia (a minha antiga profissão) e estava a dar o litro e meio. Trabalhei assim durante 2 anos. Foi muito intenso. E hoje em dia é igual, de forma mais equilibrada, mas igual. Todos os dias me deito e penso no que fiz para me aproximar dos meus objetivos. Por vezes é difícil e duvido de mim mesma, mas ao mesmo tempo nunca deixei de acreditar que era possível e que dependia apenas de mim. Resumindo, acho que para viver a vida com o Coaching é preciso ser um exemplo de constante evolução, acreditar que estamos a fazer a coisa certa, sermos coerentes com aquilo que defendemos (ou seja, a nossa vida ser uma representação daquilo que ensinamos aos nossos clientes) e trabalhar … trabalhar muito.
TMC: Procuras inspirar o teu público nos workshops e no facebook com recurso às tuas próprias experiências. És uma coach que descobriu o seu propósito de vida?
Joana: Às vezes tenho medo de dizer esta frase, mas vou partilhar contigo… A minha vida é perfeita. Tenho mesmo, mesmo muita sorte. Claro que quero mais coisas e estou a crescer e a evoluir. Mas neste momento tenho uma vida de sonho. Acredito que o meu propósito de vida é ajudar outras pessoas a descobrir o seu propósito de vida. Faço isso diariamente com pessoas em todo o mundo. No entanto, acredito que todos podemos ter vários propósitos e por isso continuo a descobrir novos significados para a minha vida e fontes de inspiração e contribuição. Em breve irei lançar um novo projeto noutra área de vida por me sentir inspirada a ajudar pessoas nessa nova vertente. Estou atenta àquilo que me inspira. Sei que a Joana que sou hoje é diferente da que vou ser daqui a um ano e portanto não limito a minha vida a um único foco de inspiração. Acredito que tenho muito mais propósitos pela frente. Tal como todas as outras pessoas. Se Deus ou o Universo assim o quiser, ainda há muita vida pela frente.
TMC: Publicaste recentemente o livro “Tu Consegues”. Se pudesses retirar dele uma mensagem fundamental para segredar ao ouvido do mundo inteiro, qual seria?
Joana: Eu diria que a mensagem fundamental do livro é que tu podes viver a vida com aquilo que mais amas fazer. Pergunta a ti próprio: O que farias se não houvesse medos, nem regras, nem supostos? O que farias se existisse apenas a liberdade de seres exatamente aquilo que desejas ser?
Tu já és aquilo que queres ser, só andas a fingir que não és. Por isso, para de fingir, isso é muito cansativo!
Agradecimento especial ao The miracle Coach e ao Pedro Vieira
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